Anti-socialismo atual e atualizado
O que pode ser criado a partir do anti-socialismo?
Verdade seja dita: não existe socialismo para os pobres. A idéia de um país onde as pessoas sejam detentoras do mesmo capital igualmente dividido está longe de ser a realidade. Entretanto, acontecem, no dia-a-dia, algumas coisas bárbaras, inimagináveis, diria, que nos fazem pensar em anti-socialismo.
Antes de qualquer coisa, definamos socialismo. Sistema político que preconiza a incorporação dos meios de produção à coletividade. Debaixo desse sistema, a sociedade deveria estar caracterizada pela igualdade na busca de oportunidades e meios para todos os indivíduos com um método mais igualitário de compensação. O Estado deveria se organizar quer fosse por meio de um intervencionismo social e nacionalização completa dos meios de produção, ou a criação de economias de planejamento central dirigido por um Estado que controla todos os meios de produção. Exatamente como não vemos.
Pelo que eu imagino, a prioridade deveria ser o coletivo, o social, o povo. E tem muito candidato pregando esse tipo de governo que não existe. Definitivamente não existe.
Indignação! Essa palavra, talvez descreva o que sinto nesse momento em relação à secretaria de obras e a prefeitura de Duque de Caxias. No início desse ano, atendendo nosso pedido, dos moradores da Rua Castro Alves, 607, a Defesa Civil, enviou um responsável técnico, engenheiro civil, Sr. Osvaldo Scórcio, para averiguar os riscos que existiam de desmoronamento (a referida residência é construída em cima de um rio). Entre os vários problemas e as várias soluções presentes nesse laudo, demasiado técnico para menção, não consta interdição ou isolamento. Entretanto, agora, mais próximo das eleições, acirraram-se as obras no bairro. Drenagem e canalização do valão, um dos braços do Rio Sarapuí, trazendo conseqüências para a população. Só desejo ressaltar que, despejando uma família, como foi o meu caso, recebemos uma ordem de despejo, perde-se o voto apenas daquela família envolvida, porém, ganha-se o voto do restante dos moradores que não sabem o que acontece e imaginam ser o trabalho da prefeitura em ação. Agora, a prefeitura, em especial, o Sr. Sandro Monteiro Soares, secretário de obras, afirma que temos que sair para serem concluídas as obras, sem nenhuma ajuda da prefeitura, responsável pela obra. O que fazer? Vender meu voto em troca de um aluguel social, que eu, como morador carente já tenho direito? Tenho também a opção de ir morar nas ruas de Duque de Caxias, como muito já pude observar, pedir aos nobres trabalhadores, migalhas em esmola para inteirar na compra de um simples barraco nas imediações. Talvez eu nem consiga juntar o dinheiro necessário, já que, depois das obras, os imóveis da região, ficarão supervalorizados, restando, para mim e para minha família, oferecer-nos para servir como peso de papel na mesa do Sr. prefeito.
Diante de situações como essa, sentimos falta (uso o plural, apenas pela eloqüência) de um governo mais humano (não falo dessa forma com conhecimento de causa nem nostalgia, pois nunca vivenciei tal maravilha), mais atento ao povo e à sua realidade. Será que eles pensam que estão realmente enganando alguém? Desfilando seus rostos sorridentes pelas ruas da cidade que nós construímos com suor de nossos marcados rostos? Rostos marcados com a tortura emocional e o descaso dos governantes que nem se quer aparecem no bairro onde pedem votos?
Entendo que muitos estejam desiludidos com as medidas anti-socialistas e repressivas que vêm sofrendo. Entretanto, vale ressaltar, nós estamos vendo. Até que chegue um dia, como já aconteceu na história de nosso país e nossos estimados historiadores não me permitirão mentir, que o povo se cansará de estapafúrdias injustiças e se rebelará. E naquele dia, eles, anti-socialistas, quererão esconder-se embaixo de suas pantufas de mentiras mal contadas, só que será tarde.