Rascunhos de Um Pensar - Parte 02

Preciso enxergar meus nadas. Preciso me ver vazio e entender que cada partícula minha é uma âncora que me prende ao aqui-agora tri-dimensional. Preciso entender que não preciso de mim para ser eu mesmo. Meu existir é perpétuo no tempo e infinito no espaço. Não sou o Todo e sim o Nada.

Imagino eu querendo desaparecer por uns instantes e convocando para isso milhares de borboletas. Elas, já sabendo o que eu quero, vão cobrir meu corpo deitado na relva por completo, sem deixar um só pedaço visível mas mantendo a silhueta do meu corpo exatamente como ele é. Assim, continuo lá, para todo ser humano acreditar, e aproveito e fujo para passear pelo nada, sem despertar suspeitas. Neste passeio coleto aprendizados, misturo tempos e espaços, junto coisas úteis e inúteis e depois volto para minha moradia formada pelas borboletas. Não sei quanto tempo fiquei longe, ainda não brinquei de escolher o quando do voltar. Mas trouxe comigo um monte de pensares e existires que coletei pelo passeio.

Tirando o lado fantasioso das borboletas, só vejo por ora três formas de viajar sem incomodar aqueles que não entendem.

Posso dominar as sensações físicas dos que me cercam.

Posso totalmente dominar o tempo e viajar o quanto quiser e, desde que volte ao instante presente, nada será notado.

Posso automatizar minhas partículas para que continuem parecendo vivas, cheias de mim enquanto passeio.

É óbvio que procuro conquistar o nada secretamente, sem que saibam ou se preocupem. Os que me cercam são queridos, merecem respeito e não precisam sofrer com o desconhecimento.

Quero me desvencilhar das âncoras mas não dos amigos e dos que me são importantes, mesmo que nunca venham a entender ou querer conhecer.

Mas tudo isso são presunções, pensamentos preparantes para o que devo fazer. E isso ainda não sei o que é.

Pelos meus pensamentos presentes o segredo está em entender como a ciência duelou com a realidade e a formatou, limitou e enjaulou. Em instante algum será necessário negá-la, mas é preciso entender que ela representa apenas uma possibilidade, uma janela, com sua devida grade, para dentro do real.

Quando a Ciência se depara com algo que não compreende ela pode negá-lo até poder explicá-lo, envolvê-lo em leis e teorias, criando o inútil conceito do possível e do impossível , ou pode se deliciar criando novas teorias mirabolantes e cheias de pontos que jamais serão realmente entendidos . É nesse ponto que ela mais se aproxima de abrir a janela para um mundo mais vasto, mas depois sucumbe ante a necessidade desnecessária de encaixar a nova teoria no mundo das antigas ou de trazer as antigas teorias ao novo mundo que se apresentou.

Assim, fechou uma janela ao abrir outra e precisa desta “coerência” para continuar Ciência.

E essas elucubrações em busca de se solidificar o mundo levam os cientistas a perderem contato com qualquer realidade e assim não sentirem o quão longe estão do verdadeiro explicar.

George Wootton
Enviado por George Wootton em 15/09/2010
Código do texto: T2500215
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