UM CASO MISTERIOSO
 



Quando entrei na salinha onde três mulheres bordavam, fui alegremente saudada, pois há tempos não as via. Mesmo feliz com a recepção, levei um susto. Lá estava com agulha e linha nas mãos, trabalhando compenetrada, a Atiz, aqui do Recanto das Letras! Sem tirar nem pôr. Como assim? pensei atordoada. Minha cabeça rodou enquanto ela me olhava sorrindo... Eu também sorria, tanto pelo prazer de encontrá-las, como por aquela situação inusitada. Logo todas se puseram a falar, nem deu tempo para eu pensar. Só depois de ir embora é que me pus a desvendar o mistério. Não conheço a Atiz, ela não mora na minha cidade... Quer dizer, conheço, mas somente através de seus textos e comentários... O que significava aquilo?... Ela não tem foto no perfil, jamais vi seu rosto! Nunca li descrição alguma sobre seu aspecto físico, nem desconfio se é gorda ou magra... Posso calcular mais ou menos sua idade... mas adivinhar seus traços?... Terei eu essa faculdade?...

Já comprovei que transmissões de pensamento são possíveis entre pessoas que se sentem próximas, porém, nunca lidei com transmissão mental de imagens! Ainda mais agora que é tão fácil e rápido transmiti-las via internet. Será que minha mente está evoluindo a esse ponto?... Fui dormir intrigada.

Dois dias se passaram até que de repente uma resposta plausível me surgiu na cabeça: meu cérebro não consegue trabalhar sem ‘visão’, se não houver imagem formal, ele inventa. Mesmo quando penso, ‘vejo’ frases ou palavras soltas lá no meu escurinho interior. E como não sei a fisionomia da Atiz, instintivamente acabei colocando no seu lugar a imagem daquela mulher. Deve ser porque em algum momento detectei uma relação entre elas. A descobrir, pois ainda não atino qual seja... 
 






IMAGEM: GOOGLE