Míngua
MÍNGUA
(crônica publicada no jornal "Diário Catarinense" de 15.09.2010)
No dia em que esta crônica sai publicada, quarta-feira 15 de setembro, completa-se um mês que o Avaí não ganha uma partida de futebol profissional. Em 15 de agosto o time azul e branco da Ressacada batia em casa o Corinthians de São Paulo por 3 a 2. Foram oito jogos desde então: uma derrota pela Copa Sul-Americana e, pelo Brasileiro da Série A, cinco derrotas e dois empates.
Este "aniversário" tem, evidentemente, dois lados positivos. Primeiro, o fato objetivo e incontestável de que o time está cada vez mais perto de ganhar um jogo: pode ser ainda esta semana, pode ser daqui a mais um mês - no entanto, a cada rodada ele fica mais próximo da vitória. Isto é animador para os seus torcedores.
O segundo aspecto positivo circunscreve-se ao reino das especulações: se a praga lançada contra o Avaí era ficar um mês inteiro sem ganhar, e justo um mês, isto vai até esta quarta-feira, inclusive, dia em que, para a felicidade azurra, todo mundo joga pela 22a rodada do Brasileirão - menos o time da Ilha e outros três. Assim, o Vasco, amanhã, no Rio, que se aprecate.
Situação verdadeiramente preocupante, em verdade, é a do Figueirense: líder da Série B, seu risco certo é o de perder posições, já que não pode mais subir na tabela. E, enquanto o Avaí disputa 1 dentre 16 vagas para chegar à Série A de 2011, o time da área continental da Capital briga com 19 concorrentes famintos por 1 posição de apenas 4.
Depois, convenhamos: há uma maré de falta de sorte lá pelos lados da Ressacada. No domingo, por exemplo, o segundo gol do Cruzeiro saiu de uma bola que explodiu na trave do Renan, voltou, bateu nas costas do goleiro convocado para a Seleção, ainda caído, e morreu nas redes. Na derradeira jogada de ataque, o mesmo Renan subiu para a área adversária e escorou de cabeça um escanteio; com o goleiro mineiro já batido, o tiro forte e impiedoso foi desviado para fora ao atingir um jogador avaiano que se encontrava na linha da bola, frustrando o que seria o merecido empate do time de casa.
Lógico que não dá para sentar e esperar que os astros revertam essa fase minguante: há muito trabalho para fazer, é preciso recobrar imediatamente as jogadas fulminantes, os passes eficientes, os chutes certeiros a gol. Enfim, para quem era terceiro colocado há exatamente um mês, não é espanto nem favor algum retornar àquela posição - ou a outra ainda bem melhor.
(Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e premiação em 44 concursos literários no Brasil e no exterior)