Brincadeira de Bolinha, Luluzinha Não tem Vez
Rosa Pena
Merda! Inventaram tanta coisa, menos guarda-chuva pros olhos. Um pequeno bofete, ainda que verbal, e eu me desmanchei toda. Agredida por ter sido promovida antes do Seu Fulano. Ser mais competente que um macho ainda é indecente. Imaginam logo que somos sapatas ou vagabundas. E se fôssemos? Opção sexual mede QI?
Gelo total de todos os concorrentes, para dificultar o desempenho feminino.
Um sopro forte numa estrela pode rebentar inteira uma constelação. Um cigarro jogado numa margarida pode queimar todo jardim. Um empurrão dado numa criança pode marcar toda uma geração.
Que direito têm alguns de, sem mais nem menos, desafinar uma orquestra, depilar sonhos e deixar crescer pesadelos? Que direito têm alguns de nos fazer de brinquedos? Um bofetinho na cara, num dia chuvoso, para que eu me lembre que colocaram Deus no sexo masculino. Andava esquecida disso, por conta do blablabá feminista. Só conseguimos, com esse discurso, acumular funções: ser mulher, amante, mãe e executiva.
Eles não querem nem mais matar as baratas!
Dois mil e tantos anos depois e todos os ídolos maiores permanecem homens e todos os outros se acham os próprios. Nós continuamos com TPM, quebráveis e descartáveis, ainda que exista uma ou outra Margareth Thatcher, dama de ferro, que já derreteu. Será que ela já tomou um bofete no meio da cara de algum Romeu prepotente? Quantos estalados ganhamos na vida e, babacamente, teimamos em continuar usando flores delicadas nos cabelos e suspirando aiai pelos cantos?
Continuamos vadias, se damos, e frígidas, se não damos e, agora, por conta do Viagra, nem uma broxada desavisada curtimos.
Por uma questão de justiça, depois de tanta luta pela emancipação, os novos deuses deveriam ser gays.
Livro UI!