Recomeçar
Como é difícil dar a nós mesmos o direito de recomeçar, não é? Claro que há quem faça isso com tanta tranquilidade e maestria que chega inclusive a nos impressionar. Mas não é a maioria. Falo de nós, os receosos, que chegamos a rejeitar a nossa própria felicidade – aquele estado de plenitude que persistentemente buscamos, mas que desastradamente não alcançamos, pela mania que temos de colocá-lo sempre a um passo adiante de nós.
Recomeçar também faz com que voltemos ao início, enquanto todos os outros continuam de onde estão.
Bem, de qualquer forma, para recomeçar é preciso que nos coloquemos frente a algumas coisas que nos incomodam, como por exemplo, nossos erros e nossos medos.
É isso. Somos cruéis demais conosco – não nos permitimos enganos ou mesmo receios, pois, cobramos de nós, sempre, seguir em frente por meio de grandes realizações, de frequentes acertos e de uma inexorável segurança!
Muito nobre. Hipotético também. Não nos aceitar como seres humanos que somos, propensos a falhas, pode nos levar a uma angústia doentia.
Essas cobranças a que nos infligimos existem, mas, mesmo assim, devemos reagir a nosso favor, sem temer um novo começo, posto que ele seja inevitável, não nos permitindo ficar estáticos... Que bom!
Bom não nos esquecermos de que o medo pode obscurecer a nossa visão do horizonte, escondendo as oportunidades ou tornando-as tão inacessíveis que nos prostramos, como verdadeiros cegos inúteis e errantes – reclamando da vida. E nesse vagar sem rumo alcançamos uma estupidez sem medida, por fazer com que esse desnorteio torne-se ‘um não sei o quê’ entranhado em nosso âmago. Por hábito, passamos a boicotar as oportunidades surgidas.
É Vicioso. Nada mais acontece porque já não permitimos – é natural não permitir.
Recomeçar é ter coragem e determinação para parar, analisar e, confiante, voltar a assumir novamente o leme da própria vida. A escrever, naquelas páginas ainda em branco do nosso livro, algo digno de apreço, que abrilhante os caminhos por nós escolhidos para atingirmos nossos anseios.
É preciso ter carisma para um novo começo. Ter força, confiança e até mesmo um pouco de imprudência - a mesma dos apaixonados que se recusam o desfrutar da vida sob o jugo do já convencionado, pelo Clube de Hipocrisia, para que ambos, os apaixonados, possam viver plenamente, o amor que sentem um pelo outro – é a vida que os aguarda, para ser absorvida em sua plenitude.