Retrato de um breve amor metropolitano

Quando os olhares se cruzam, primeiro vem a dúvida. Será que ela está olhando para mim ou para o monitorzinho com as notícias? Então disfarçam-se os olhares e esperamos uma nova encarada. Eis que outra parte da face faz sua parte. Depois de muitos, sucessivos e insistentes olhares, abrem-se as alas para ele: o sorriso. Seja largo, de canto de boca e disfarçado, sincero, acanhado, olhando para baixo ou para o lado.

A certeza, ah, a certeza. Aquele momento de “boom” da auto estima, a certeza que apesar de todas frustrações e desilusões, a culpa não é sua. Ou talvez não da sua aparência. Alguém que nunca te viu, que nunca conversou com você, que nunca leu seus textos e nem sabe o seu nome, está lá, claramente interessada.

A imaginação começa a trabalhar e você se vê saindo com a pessoa, beijando-a, dividindo seus gostos e medos, indo pra cama e fazendo o mais louco e mais selvagem dos sexos.

Mas então deparamos com essa experiência tão breve quanto intensa, um retrato da modernidade. Todos já passamos por isso. Até ouvir a maléfica voz que anuncia: “Estação Anhangabaú”.

Diego Biagi
Enviado por Diego Biagi em 14/09/2010
Código do texto: T2497924
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