Profissão:Poeta
Clevane Pessoa de Araújo Lopes(setembro,2006,26
A profissão de poeta não existe para as Leis Brasileiras.Mas os poetas resistem, subsistem, insistem em ser os emissários da Poesia.A abrangente Poiesis grega, era a a poética social, por excelência,na ágora, no agora.
Os que escrevem Poesia, perversamente colocados na categoria de aluados, alienados,boêmios-e por que não loucos(talvez enlouquecidos pelas pressões, alcoolescidos pelas necessidades de preencher espaços,de estar com , para ser),cuja lucidez o passar inexorável do tempo costuma revelar, sãopessoas capazes de captar tudo quetranscende, enquanto registra tudo que existe.
Nesse fazer poético, muitos se vêem em dilemas:como levar o pão para casa,ser provedor da família ou de si mesmo, se não há um salário?Se o editor que entrega dinheiro para o autor escrever tranqüilo, no Brasil, acontece ,em geral, somente para uns poucos ases reconhecidos ?Ou sabemos deles vendo filmes de outros países?
Também quero, conforme todos os outros -poetas, um adiantamento, para adiantar meus livros...
Desconhecidos, mas reais,invisíveis trabalhadores da palavra.Recriadores do verbo.Os que falam o linguajar diáfano dos anjos.Os que gritam com o berro primal dos que guerreiam.Poetas.
Leila Miccolis, a incanavel militante cultural(*),organizou uma listagem histórica:"Poetas, Quantos somos?"Gosto de estar lá, de encontrar ali, um registro de meu fazer poético.Somos muitos registrados, mas quantos não estarão?
E quem é mesmo poeta?O apaixonado que fale bonito para impressionar a amada,ou dar vazão ao volume de águas da paixão nopeito?Talvez.Ser poeta não é nada passageiro, porém , saibam vocês.
Ser poeta é ter vindo ao mundo com im/perceptíveis sinais de nascença.É um permanente estado de ser, estar, fazer.Os poetas se sabem.Farejam-se e se encontram.Somos uma casta, depurada e corajosa.Queiram so fazedores de leis ou não.
No último sábado(23/09/06), estávamos, poetas e artistas no Espaço Cultural Casa do Fernando, aqui em Belo Horizonte(**),quando eu falava dessa situação atual do faz/e/dor de Poesia , quando o José Ênio, do UNIAC(***) e poeta que, na noite, há zilhões de anos, distribuia seus versos em livros tipo "edição do autor",artesanais ou não,levantou-se e deu-nos um belíssimo depoimento,fato conhecido por uns poucos, sobre a profissão de poeta."Clevane, há um precedente",nos diz.:
Morre Paulo Leão, poeta da noite belorizontina, pobre e muito estimado.
Os funcionários do hospital querem colocar "indigente" no atestado de óbito.
Protestam os amigos, conta o Zé Ênio,comovido.E explicam que aquele era um poeta, trabalhador;fazia seus próprios livros e os vendia na noite da capital mineira,conhecido.Não, indigente.Confabula-se.Querem agora, colocar "artesão".Artesão não, poeta, protestam os amigos.
Dizem-lhes que terão de esperar o doutor fulano ou sicrano para modificar o atestado."Esperaremos", decidem os poetas:o amigo, já morreu mesmo(claro, poetas não morrem , passam a uma outra dimensão e aí então é que se revelam mais empoderados).Esperaram.
O resultado dessa batalha para que a profissão de poeta fosse reconhecida,é ganha.Pelo menos na certidão de óbito, seu último documento,mas não escrito por suas mãos poéticas, o cidadão Paulo Leão tem como profissão, "Poeta".
Meu filho Alessandro(Allez pessoa, músico da Banda Tancredos) que costuma trazer-me de suas andanças pela madrugada, fanzines, folhetins ,origamis e livros em "edição do autor",com poesias de todas as escolas e g~eneros, já havia me contado essa história.
Mas ouví-la de uma testemunha ocular ,que militou por essa
vitória, tocou-me sobramaneira.
Profissão:poeta...
N:E o poeta não é esquecido:no parque municipal, dia 16/09 último, um desenhista
colocou no varal, de Poesia a figura inesquecível e barbuda do Paulo...
(*) www.blocosonline.com.br)
(**)Bairro Padre Eustáquio, Rua Castigliani 668, BHMG),casa de Fernando Barbosa,fotógrafo e utor teatral, entre outros talentos.
(***)O III UNIAC/ III Cultura em Movimento aconteceu, num mega evento aberto, no parque Municipal com uma homenagem a Raul Seixas(17/09/06).
Clevane Pessoa de Araújo Lopes(setembro,2006,26
A profissão de poeta não existe para as Leis Brasileiras.Mas os poetas resistem, subsistem, insistem em ser os emissários da Poesia.A abrangente Poiesis grega, era a a poética social, por excelência,na ágora, no agora.
Os que escrevem Poesia, perversamente colocados na categoria de aluados, alienados,boêmios-e por que não loucos(talvez enlouquecidos pelas pressões, alcoolescidos pelas necessidades de preencher espaços,de estar com , para ser),cuja lucidez o passar inexorável do tempo costuma revelar, sãopessoas capazes de captar tudo quetranscende, enquanto registra tudo que existe.
Nesse fazer poético, muitos se vêem em dilemas:como levar o pão para casa,ser provedor da família ou de si mesmo, se não há um salário?Se o editor que entrega dinheiro para o autor escrever tranqüilo, no Brasil, acontece ,em geral, somente para uns poucos ases reconhecidos ?Ou sabemos deles vendo filmes de outros países?
Também quero, conforme todos os outros -poetas, um adiantamento, para adiantar meus livros...
Desconhecidos, mas reais,invisíveis trabalhadores da palavra.Recriadores do verbo.Os que falam o linguajar diáfano dos anjos.Os que gritam com o berro primal dos que guerreiam.Poetas.
Leila Miccolis, a incanavel militante cultural(*),organizou uma listagem histórica:"Poetas, Quantos somos?"Gosto de estar lá, de encontrar ali, um registro de meu fazer poético.Somos muitos registrados, mas quantos não estarão?
E quem é mesmo poeta?O apaixonado que fale bonito para impressionar a amada,ou dar vazão ao volume de águas da paixão nopeito?Talvez.Ser poeta não é nada passageiro, porém , saibam vocês.
Ser poeta é ter vindo ao mundo com im/perceptíveis sinais de nascença.É um permanente estado de ser, estar, fazer.Os poetas se sabem.Farejam-se e se encontram.Somos uma casta, depurada e corajosa.Queiram so fazedores de leis ou não.
No último sábado(23/09/06), estávamos, poetas e artistas no Espaço Cultural Casa do Fernando, aqui em Belo Horizonte(**),quando eu falava dessa situação atual do faz/e/dor de Poesia , quando o José Ênio, do UNIAC(***) e poeta que, na noite, há zilhões de anos, distribuia seus versos em livros tipo "edição do autor",artesanais ou não,levantou-se e deu-nos um belíssimo depoimento,fato conhecido por uns poucos, sobre a profissão de poeta."Clevane, há um precedente",nos diz.:
Morre Paulo Leão, poeta da noite belorizontina, pobre e muito estimado.
Os funcionários do hospital querem colocar "indigente" no atestado de óbito.
Protestam os amigos, conta o Zé Ênio,comovido.E explicam que aquele era um poeta, trabalhador;fazia seus próprios livros e os vendia na noite da capital mineira,conhecido.Não, indigente.Confabula-se.Querem agora, colocar "artesão".Artesão não, poeta, protestam os amigos.
Dizem-lhes que terão de esperar o doutor fulano ou sicrano para modificar o atestado."Esperaremos", decidem os poetas:o amigo, já morreu mesmo(claro, poetas não morrem , passam a uma outra dimensão e aí então é que se revelam mais empoderados).Esperaram.
O resultado dessa batalha para que a profissão de poeta fosse reconhecida,é ganha.Pelo menos na certidão de óbito, seu último documento,mas não escrito por suas mãos poéticas, o cidadão Paulo Leão tem como profissão, "Poeta".
Meu filho Alessandro(Allez pessoa, músico da Banda Tancredos) que costuma trazer-me de suas andanças pela madrugada, fanzines, folhetins ,origamis e livros em "edição do autor",com poesias de todas as escolas e g~eneros, já havia me contado essa história.
Mas ouví-la de uma testemunha ocular ,que militou por essa
vitória, tocou-me sobramaneira.
Profissão:poeta...
N:E o poeta não é esquecido:no parque municipal, dia 16/09 último, um desenhista
colocou no varal, de Poesia a figura inesquecível e barbuda do Paulo...
(*) www.blocosonline.com.br)
(**)Bairro Padre Eustáquio, Rua Castigliani 668, BHMG),casa de Fernando Barbosa,fotógrafo e utor teatral, entre outros talentos.
(***)O III UNIAC/ III Cultura em Movimento aconteceu, num mega evento aberto, no parque Municipal com uma homenagem a Raul Seixas(17/09/06).