Tristeza não tem fim, felicidade sim!
Belos tempos em que a arte era um universo sublime. Em que a música transparecia sentimento e ressonava como batidas de um coração. Quando as pinturas não eram apenas rabiscos, cinema não se detinha à tecnologia e teatro não era somente puro entretenimento.
Posso parecer um pouco nostálgica, mas gostaria de ter nascido em outra época. Ter vivido Vinícius e sua busca incansável pelo amor inalcançável. A fascinação de Elis Regina, a melodia barrosa de Ary, o tom inesquecível de Jobim e a poesia rósea de Noel. Ah, que saudades, Nelson Gonçalves! Bendito Benedito de Paula! Onde se esconde tua voz, Miúcha? E tua história, Chico?
Quero o teatro de Nelson Rodrigues, as paixões fatais de Shakespeare. Anseio pelo legado de Checkov, pelos ensinamentos de Stanislavski. Sonho com Lolita Rodrigues, Fernanda Montenegro, Mário Lago. Invejo a simplicidade do cinema de Woody Allen, a psicose de Alfred Hitchkock, o ludismo de Spielberg.
Agradeço pela imortalidade das telas de Van Gogh, pelas cores de Picasso, pela vida de Michelangelo. Jamais esquecerei das histórias dos dedinhos de Ziraldo e de seu Menino Maluquinho. Maurício de Souza e Mônica, Cascão, Cebolinha e Magali! O sítio encantado de um pica-pau chamado Monteiro Lobato. O mundo mágico de Wall Disney.
Redescobrindo o passado, conservo meu amor e a esperança pela arte. E, no âmago de minha alma, ainda acredito na poesia, na melodia, nas tintas, nas telas, no palco. Quem sabe, no futuro, os mortos revivam e tragam consigo uma inspiração esquecida pelo tempo. E, talvez, possamos viver em paz. Mesmo que seja por poucos instantes.