CRISTO ANTES E DEPOIS.

Antes de Cristo nada se podia aquilatar de Deus em corpo. Os livros sagrados do antigo testamento são humanos, vieram da pena e da inteligência do homem. Reportavam a mensagem de Deus segundo suas narrativas. A antiga aliança lavrada por Moisés restringia-se ao povo judeu. Havia a promessa do Messias, de sua chegada. E chegou o Filho de Deus, se materializou o Criador, Deus, na imagem de seu Filho, o Homem-Deus.

Esse homem, por ser Homem-Deus, se singularizou de todos os outros que falaram de amor. Ele nada escreveu, só ensinou em oralidade, era o Homem-Deus. Ficou nesse tom de ensinamento para a humanidade, respeitado por todos, reverenciado e festejado. Somente os judeus, diga-se, seu povo, local onde nasceu, o rejeitou. A nova aliança predita por profetas incorporada em Cristo foi recusada.

Cristo falou para todos que o repeliram, judeus, e para os que o acataram. A única vez que se irritou foi quando entrou no templo, em uma Igreja, na Sinagoga.

A Igreja mandada edificar sobre a pedra delegou o encargo a Pedro, o Primeiro Papa. Era a Igreja de Cristo. Os católicos tiveram sua construção intelectual e alargamento visionário com Paulo de Tarso, São Paulo, e iniciação formal com a hierarquia organizada sob a liderança de Constantino, que foi concretizada e galvanizada como Igreja Católica.

A nova igreja se irmanou ao governo temporal, não mais para ser simplesmente veículo do Novo Testamento, mas para ser institucional, começou a ser legislativa, emendando e anulando leis primitivas.

Estão até hoje os judeus aguardando o seu Messias que não chega. Sua peregrinação que nega o Cristo, filho da Judéia, de suas entranhas, sofre na perseguição da Terra Prometida, que com sangue e lutas querem conquistar, na disputa por terras de outros.

O Cristo deixou o sinal que marcou o mundo, frise-se, para todos. Se antes nada se podia aquilatar sobre o Deus inatingível, com Cristo integrou o patrimônio histórico humano o Deus vivo, seu filho, Jesus Cristo feito homem. Dele surgiram os credos, e a universalidade católica, vocábulo que indica e significa universalidade, do grego Katholikos, latinizado para Catholicus.

O Cristo é de todos, e o ecumenismo é como a fraternidade dos homens, não divisionária.

O Cardeal Ratzinger foi divergente do inigualável João Paulo II, quando o Papa da Paz, uma das maiores expressões de personalidades contemporâneas desaparecidas, em suas movimentações pelo ecumenismo, realizou em Assis em 1986 um congraçamento de todas as religiões. Ratzinger não se fez presente. Pioraria o fato o lançamento por Ratzinger da declaração “Dominus Iesus” que afirmava só deter a verdade a Igreja Católica.

Consideraram alguns estar o Prefeito da Congregação da Doutrina e da Fé confrontando a autoridade do Papa.

O Papa João Paulo II deu total apoio ao documento mostrando, como sempre, sua total identidade com o atual Bento XVI que, diga-se, era ao que tudo indica o candidato seu para sua sucessão.

Reforçou após a posição com declarações de que a única igreja de Cristo é a católica. Fez a afirmação como Papa Bento XVI, personagem diversa do preceptor da “doutrina e da fé”, Cardeal Ratzinger, e o fez pela agora encíclica “Dominus Iesus”.

Estaria distanciado do congraçamento ecumênico continuado por João Paulo II, que soube administrar o impasse surgido com a “Dominus Iesus”?

Não abordo sua posição como intransigente defensor de dogmas da igreja católica, nem desconheço que pela história, por lógica de origem, na ordem a Pedro para que erigirisse a Igreja Cristã sobre a pedra, a igreja nascida de Pedro com a contribuição de Paulo de Tarso, São Paulo, seria única com etiologia, origem, em Cristo.

Excluído os judeus e similares que recusam a nova aliança, Cristo sem escrever uma palavra tornou-se fonte de amor universal pelo ensinamento dos mais altos valores de doação aos semelhantes. É o Deus encarnado, Cristo.

Não se pode negar a nenhuma instituição o direito de falar e pregar em nome Daquele que foi simplesmente generosidade, Jesus Cristo; assim entendo e ouso dizer, compreendo.

Quem em seu nome falar como falam, para obter vantagens até mesmo de lucros em pecúnia ou outros benefícios reprováveis, certamente por isso responderão; falam em nome de Cristo, o Deus-homem, até mesmo para imprimir terror.

Mas o núcleo do Homem-Cristo é de todos. E vamos além. Perguntado por um amigo se somente o planeta terra seria cristão, por ter aqui estado Cristo e não sabermos se em outro esteve, respondi a ele:

“Cristo é universal e o é sem ter escrito uma única palavra orientando para si e congregando toda a cultura iluminista conhecida. Nada temos de teologia aqui, que calou Santo Tomás de Aquino mesmo antes de concluir sua monumental “Suma” e forçou Santo Agostinho a expor suas “Confissões” antes de encontrar definitivamente seu Deus.”

A simplicidade reside em que o Cristo-Homem, SEGUNDO ELEMENTO DA SANTÍSSIMA TRINDADE, É COMO TAL DEUS. Teologia é metafísica, filosofia é explicativa partindo como definido do particular para o universal e do inexatamente conhecido para o esclarecimento. Cristo é personagem histórico, autenticado por literatura judia recente, e não somente por fatos históricos notórios, questionados e superados por “Guerre Juive”, “Guerra Judia”, obra do judeu latino Flávio José, nos anos 77/78 de nossa era.

Sua tese de que somente o Planeta Terra seria cristão, esbarra no Pentateuco, no “Gênesis” especificamente, sic: " NO PRINCÍPIO DEUS CRIOU O CÉU E A TERRA. A TERRA, PORÉM, ESTAVA INFORME E VAZIA...."

Deus criou o céu (LEIA-SE UNIVERSO) e o Planeta Terra que estava informe e vazio. Deus, o CRISTO, ambos e um só, veja bem, este FILHO UNIGÊNITO DE DEUS, criaram o céu (PORTANTO É CRISTÃO O UNIVERSO E NÃO SÓ NOSSO PLANETA, PORQUE CRISTO VEIO À TERRA COMO HOMEM, HOMEM-DEUS) e a terra e tudo mais que neles se plantou e edificou da primeira causa, primeira maior energia como define Kant, pois não há causa sem efeito, não há energia nem criação sem causação anterior e criador.

Mera especulação configura, portanto, dar sentido restrito aos ensinamentos de Cristo ou limitação a sua compreensão diante do Cosmos, pois se nem sabemos se outros sistemas habitáveis existem. Não há como limitar a influência do sagrado a quem quer que seja nesse planeta.É explicativa unicamente a universalidade da criação pelo Gênesis.

Tratamos de um ser que morreu como homem (E RESSUSCITOU) e que ninguém pergunta, preste atenção, qual a razão de sua influência se nem uma frase escreveu e tanto tempo depois foi “achado” pelos evangelistas, setenta anos depois, e após por São Paulo e finalmente por Constantino, imperador de Roma. Só a desadaptação cerebral (parece que a humanidade em sua maioria tem essa descerebração) pode levar a tamanho alheamento que trouxe para grandes nomes depressão intensa, pois eram incomodados por verem a realidade de suas estaturas inferiores perto Daquele que nada escreveu, nada pintou, nem rupestremente, nada esculpiu e se disse e é cultuado como Deus, Jesus Cristo.

Se vê, portanto, que Cristo é universal e, como tal, não pode ser aprisionado por quem quer que seja como seu preposto permanente, seja a igreja católica ou qualquer outra, Cristo é de todos, é amor, é mítico, magia, lenda e legenda.

Mas o Papa Bento XVI em sua segunda e última encíclica, une a todos na esperança e na qualidade de pastor, mostrando que também é um artífice do ecumenismo. “Spe Salvi”, sua recente encíclica, é a expressão sintetizada de São Paulo, o intelectual do catolicismo, quando se dirigiu em carta aos romanos, “Spe Salvi Facti Sumus”, “é na esperança que fomos salvos”. E a esperança é de todos, possibilitando o verdadeiro ecumenismo. Tanto é assim que o pastor Bento XVI é reflexivo como pensador, como homem de cultura.

Explica, compreendendo, as razões que levaram o homem a renunciar aos prazeres do paraíso terrestre dele sendo expurgado.

Nessa explicação deixa claro que o homem fez opção pelo progresso em contraposição à fé em Cristo; e não faz distinções de credo. Considera duas fases em que essa opção marcou a história; a revolução francesa e o socialismo. Mostra, aponta e disseca o erro fundamental que todo cidadão comum e razoavelmente inteligente sempre percebeu; “o socialismo esqueceu o homem e sua liberdade”.

Com a expressão de seu pensamento lapidar lançado na encíclica “ Spe Salvi”, Bento XVI conclama agnósticos e ateus para apreciarem, ao menos como dado de cultura, o universo de religiosidade. Cristo é de todos após a Nova Aliança.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 12/09/2010
Reeditado em 12/09/2010
Código do texto: T2494063
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