A discriminação político-ideológica
           
         
A ideologia é, por definição, um conjunto de ideias e valores, relativos à organização e ao funcionamento da sociedade, tendo a finalidade de orientar o trato com as coisas políticas e coletivas, mas que , no fundo, é movida por interesses de um grupo social. Há quem tema tanto a ideologia que chega a inventar o seu fim. Sobretudo quando ela exerce orientação imperativa sobre indivíduos, como um preceito dogmático, acima de todos os outros valores; crença política, que radicaliza o comportamento de não permitir que se pronuncie qualquer ideia divergente. É racional que alguém, contente com seu “status quo”, verbalize seu desejo: “Ideologia não existe mais”. Tal afirmação não deixa de ser, logicamente,  ideológica. Posto que a ideologia incomoda e ameaça a possuir mais adeptos;  a adesão a faz crescer, propagar-se, o que é, junto aos interesses, sua mola.
         
A discriminação é, por definição, a formação de dois grupos antagônicos, quando, na realidade,  pode existir neles até igualdade, o desejável. Porém, forma-se uma caracterizada separação maniqueísta: de um lado,  um “eu coletivo” (ego collectivus) e, consequentemente, no outro lado,  um “ outro coletivo” (alter collectivus). Por exemplo, os nazistas fizeram dos arianos seu “eu coletivo”, opondo-o  aos judeus , “o outro coletivo”; os machistas fazem dos homens o seu “eu coletivo”, discriminando as mulheres, seu respectivo “outro coletivo”.  E assim acontece quanto às raças, às religiões, às ideologias e quanto aos partidos políticos.
         
Tenho visto, na internet, nos horários  políticos, na mídia, a discriminação sendo reacendida em relação a posicionamentos políticos-ideológicos de alguns candidatos,  especialmente sobre atitudes assumidas em remoto passado da vida política do nosso país. Triste discurso. Assisti a filmes idênticos a tudo isso no período de repressão.  Ora, ser honestamente adepto de algum partido não é, em si, conduta condenável. Pelo contrário, a diversidade política torna mais rica a democracia. Enfim, é de se presumir que todos os cidadãos desejem o bem da sua sociedade. Mas, qual é o caminho para se chegar, econômica e politicamente,  ao bem da sociedade? Para isto,  as propostas, os caminhos são diversos. Daí, a disputa sobre qual caminho melhor para se conseguir este objetivo, o que deveriam ser politicamente os partidos, com ideologia e programas definidos. Mesmo que se constate a contraditória incoerência de candidatos, mudando de partido, segundo sua conveniência, alheios à ideologia de todos os partidos, desde que lucrem alguma coisa em cada um deles.