amor

Dizem que o começo do amor é mais doce, mais interessante. Normalmente dizem isso depois que começam a aparecer os defeitos, as ideias contrárias, as brigas e o tempo começa a despertar curvas - ou rugas. Certamente as estradas retas e sem quebra-molas seriam mais interessantes e mais fáceis de seguir. Mas que amor é esse em que não há compreensão para os defeitos nem respeito para as ideias contrárias? Que amor é esse que não traz consigo o perdão para reparar as brigas nem a coragem para passar pelas curvas? Coisas que só o tempo desperta e que seu amor, seu tão grande amor não é capaz de suportar. O verdadeiro amor vive entre voos e tombos e os tombos só impulsionam a querer voar mais alto. O falso amor sempre quebra as asas no primeiro tombo e se sente incapaz de voar novamente. Já se perdeu no tempo a época em que beijos e carinhos eram sinais de amor. Hoje é necessário muito mais. São beijos roubados e carinhos comprados. Sem sentido. Sem amor. Sem nem um pouco de dor. Já cheguei a acreditar que o amor verdadeiro era aquele que te trazia paz, te dava carinho e te arrancava sorrisos e lágrimas de alegria. Aquele que jamais lhe faria chorar de dor. Aquele que jamais lhe faria soluçar nem lhe roubaria horas de sono ou de tranquilidade. Foi a época em que eu acreditava no aparente. Acreditava nos sorrisos e beijos sempre. A época em que eu estava completamente enganada. Hoje eu sei que o verdadeiro amor pode sim lhe arrancar lágrimas de dor. Mas também sorrisos de felicidade - mesmo que momentanea. Vezes, você vai encostar a cabeça na parede, soltar um leve suspiro e ver que é ele quem te faz viver; vezes, vai lavar os olhos inchados e se encarar no espelho, pensando no tanto que você sofre por ele e se não seria mais fácil fugir logo de uma vez. E você se sente perdido em meio a uma contradição que foge do suportável. Mas vou lhe contar um segredo - nem tão secreto, mas que somos acostumados a varrer para debaixo do tapete - :"O caminho mais fácil nem sempre é melhor que o da dor." E isso sei que é verdade. Fácil é dar um abraço, um beijo, andar ao lado. Dificil é dar um colo, compreender e verdadeiramente amar. Que não me

confundam: Amor não é sofrimento. Mas mais sofrimento do que superficialidade. É contradição. É profundeza. E não há profundeza sem dor. Não há profundeza sem sorrisos salgadinhos. Tem muita coisa por aí títulada como amor que pode ser qualquer coisa, menos amor. E a humanidade está cada vez mais cega para perceber a diferença.