TENHO QUE VOTAR?
Temos presenciado verdadeira batalha nas ruas, onde candidatos de digladiam na busca incessante de votos. Eles hipocritamente distribuem sem olhar a quem, beijos e abraços com recomendações à família. São ridículos, educados e atenciosos como nunca se viu. Fazem de tudo para conquistar o eleitor.
É comum se ouvir dizer que democracia é o governo do povo, a se caracterizar, dentre outras coisas e em essência, pela liberdade do ato eleitoral. O dicionário o confirma. Mas, neste País, dito democrático, a respeito, o que se tem visto é bem diferente. Em nome da democracia, no mais das vezes, muitos daqueles que deveriam respeitar a vontade popular, desrespeitam-na.
Ora, no Brasil – dito e tido por democrático – o voto, que deveria ser um direito, pela conveniência de alguns, leniência doutros e ignorância da maioria da população, é imposto, porque obrigatório. Assim sendo, não é ato que traduza liberdade; ao contrário, é coisa obrigatória.
Se não podemos optar por votar ou não, onde está a democracia? Triste realidade esta nossa, em que, de forma demagógica e populista, se enche a boca de democracia e se nega ao povo o direito de tê-la no fundo do coração e no recesso da mente. Já são idos os tempos dos senhores feudais, da escravização de consciências.
A obrigatoriedade do voto agride a essência da democracia, dá suporte às formas arcaicas de dominação política - os currais eleitorais -, e turva a prática política, uma vez que nivela por baixo a qualidade do voto.
Chega! Se eu tenho o direito-dever de votar, segundo o que penso, não mais posso abdicar do direito de não querer esse dever exercitar, para não votar, para me autogovernar.
Assim é, e de fato deve ser, uma democracia. Faculta-se, permite-se o voto, sem o impor.
O ponto forte na defesa do voto facultativo não é o rigor conceitual ou teórico de sua argumentação, mas o incômodo que a obrigação representa.
Vou votar nulo nestas eleições. Minha opção se deve ao fato de simplesmente não enxergar projetos de sociedade nas propostas de nenhum candidato, e não tenho garganta para engolir sapo ou sapa imposta por um bando que quer se perpetuar no comando da nação com um único intuito de partilhar o botim, respaldado pela bolsa família. Não me sinto obrigado a participar ou pactuar com essa corja. Muito menos advogo a tese do “votar no menos ruim”, ou ainda (o que é pior), “votar no que estiver liderando as pesquisas, para não jogar meu voto fora.” Essa culpa eu não levo!
Deus nos acuda!