Ter é Poder

TER é PODER

O tempo passa e poucas são as mudanças. O homem continua alimentando-se do egoísmo, exercendo seus papéis na sociedade num individualismo ímpar, crescente, e que não levará a um futuro digno para os seus descendentes. Cada geração que chega parece cada vez mais impregnada desta “doença”, coisa que o capitalismo fomenta a todo o momento, que sufoca e causa uma paranóia em todos os que se envolvem nesse sistema tão abstêmio de qualquer sentimento, menos ainda, humano ou social.

Quando vemos as notícias em todas as mídias, só assistimos violência em todos os âmbitos da sociedade independente de classe social. Normalmente, o fundo de quase todos os motivos é de origem monetária. Sempre há alguma coisa ligada ao dinheiro, seja pensão alimentícia, herança, falta de pagamento ou ganância para acumular riqueza.

A vida vai passando, inexoravelmente, e parece que ninguém nota essa distorção de valores que hoje se dá. As notícias estão cada vez mais entrando nos lares de todas as maneiras. Antigamente tínhamos só os jornais impressos ou rádios com notícias atrasadas. Hoje temos a televisão levando as notícias a todos os lares, sejam dos mais pobres aos mais ricos. Mas ninguém percebe o que está havendo ou finge não enxergar.

Um caos social está por vir e não está longe. Ao observarmos as condições impostas pelo sistema vemos o seguinte: em primeiro lugar, a digressão entre o pobre e o rico está cada vez maior, causando um abismo imenso onde as pessoas são separadas socialmente e a maioria faz questão de manter esse status, pois não querem se envolver com algo que acham que é função do estado e, portanto, se isentam de qualquer responsabilidade com o outro. Em segundo lugar, as várias formas de alienação, engendradas pelos que detém o poder tem dado muito certo, a ponto de as pessoas que estão sendo locupletadas acharem normal esse status e não concebem sequer a possibilidade de algo ser feito para mudar. Um sentimento anestésico, uma letargia quase mortal tomou conta da massa, e ao observarmos panoramicamente fica parecendo que está tudo bem.

Futebol, cerveja, sexo, filhos, trabalho (mesmo que seja só para subsistir), churrasco nos fins de semana, escolas públicas para os filhos nunca conseguirem competir com a classe abastada, etc... Um automóvel na garagem da casa na favela (às vezes novo, pois juntando os salários mínimos da residência o dinheiro dá para pagar a prestação). Mas, como disse o Raul Seixas, foi tudo fácil, tudo bem, e daí?

A distribuição de renda no país continua a ser a pior do mundo! É inconcebível tamanho ajuntamento de riqueza dos mais ricos! Continuamos sem uma lei que venha a taxar as riquezas. Uns poucos que detém o poder econômico ficam com mais de 90% da riqueza do país.

Vivemos de ilusão, num sistema onde a mais-valia (MARX) se consolidou e não dá mostras de mudar. O fosso está cada vez maior e os olhares de cima dos que “se acham no topo”, são cada vez mais constrangedores. A inversão dos valores sociais, fazendo do capital uma medida de valor para o ser, causa indignação e revolta ao homem aculturado. O conhecimento melhora, o discernimento faz apontar os erros desse sistema que causa tamanha injustiça social, mas os resultados são esses que vemos na mídia: violência e ignomínia. Em todos os níveis, pois vemos também a impunidade nos casos onde a justiça e as leis são manipuladas pelos detentores do poder econômico.

O sentimento de impotência toma conta de todos e vamos deixando o controle com “os mesmos” de sempre, que já aprenderam como perpetuar a regência dessa orquestra bizarra. Nada pode mudar senão o tamanho dos bolsos e contas bancárias.

O sentimento de “Tio Patinhas” se torna então uma doença crônica e a vida só se torna plausível com o acúmulo do capital. Pra quê? Pra nada. Perde-se a vida inteira atrás desse papel, deixa-se de viver momentos mágicos com a família, filhos crescem sem a sua presença e quando você acorda para o fato, já está velho, cheio de doenças que às vezes seu próprio dinheiro não trará a cura...