Escândalos, louvação...

Nosso tempo moderno é feito de pura exterioridade. Somos impelidos a idéia de que a aparência é tudo. Portanto, somos habitantes do aspecto. Contrario o meu tempo tentando recordar a importância do silêncio, da quietude, da sobriedade. Venho me perguntando o que leva a idéia de que a felicidade não pode prescindir de sons altos, foguetes, estardalhaços. Essa felicidade do triunfalismo instantâneo dominou o mundo e as torcidas.

Para muitos um escândalo consiste numa vitória. Um modo de chamar atenção. Sobraram alguns ambientes onde a imaginação fecunda trabalha apenas em silêncio; são os templos. Os ambientes de poética oração. Mas eu não tenho fé, tenho convicções e vejo o mundo barulhento sem nenhuma oposição de fato, mesmo que existam leis relativas ao assunto. Na verdade a lei do silêncio nunca passou das dez horas.

A idéia de liberdade quase sempre é conquistada com muito ruído. Esse ruído da liberdade agrada e se distorce quando individualmente alguém acredita que pode entupir os ouvidos da cidade com seu gosto pela pior das sonoridades.

Em meu curso de pós-graduação observei que o mundo virtual está pouco ligando para os demais dentro do laboratório de informática. Minha peculiar acidez crítica leva-me a crer que há muito pouco espírito científico no ensino e ainda mais à distância. O professor possuía uma autoridade sobre os ouvidos que é totalmente dispensada. Ninguém mais quer ouvir, todo mundo quer falar o eu bem entendem. Eu prefiro escrever. Escrevo procurando mudar o mundo compreendo de Homero o poder das palavras aladas. A reflexão sobre a imaginação que inexiste em nosso tempo apenas vivido de coisa.

O interesse que temos pelos escândalos dá vida e lucro a exploração da miséria numa apresentação em massa, fluente, constante, massacrante. Tal fenômeno impede que tenhamos tempo para uma reflexão permanente entre causa e efeito.

Posso garantir que existe muita gente acreditando na discrição como um escândalo inaceitável, inaturável para o convívio. A primeira confusão computacional com o vocábulo define muito bem o impulso de confundir “discrição” com “descrição”. Por minha vez descrevo o escândalo de minha alma quieta, mansa como as águas que correm sempre pelo mesmo rio.

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