Sobre aquela menina
O coração sarado da menina aos poucos degela, mesmo que ela ainda ande sem rumo. Ao menos ainda bate num tum, tum, tum sem compasso.
Ele acelera num falso alarme, o louco coração da menina, ainda tenta buscar uma sintonia para se acalmar. Ele sobreviveu às rachaduras, que colaram depois de sangrarem, sararem, fecharam.
Mas o olho nu percebe que quando o pequeno coração da menina acelera, aparecem em seu rosto miúdo as marcas profundas das ilusões. Mas seu coração ainda bate, num tum, tum, tum descompassado...
E a pequena ainda luta, o coloca para funcionar, o guerreiro-iludido ou romântico-louco, está ainda quase vivo. Ela segue a vida, flui como um rio... Entre horas de calmaria e turbulência. Ela apenas navega nas corredeiras, na sinuosidade dos dribles entre as pedras.
E no caminho finalmente a menina entende que o fim não é a margem que vale, é a estrada que ela passou. E iss que a moldou para ser o que é hoje. Seu coração é feito das falhas... da vivência do percurso. Do encontro das águas, da troca de fluidos.
Mas do alto da montanha se vê a beleza, e só de perto dá para ver a verdade. Nem de beleza ou de feiúra. Mais a real. No rumo da paisagem, a menina senta e ouve seu coração vivo no mesmo tum, tum, tum ainda assim, descompassado.