Sobre o humor na internet e a ideia de posse

Hoje acompanhei uma discussão via Twitter, envolvendo dois bloggers e um programa de rádio. É a velha geração se encontrando com a nova. Vamos aos participantes:

De um lado, temos o @edutestosterona, do blog www.testosterona.blog.br e o @naosalvo do blog www.naosalvo.com.br. De outro temos toda a trupe do @pretinho_basico, do programa Pretinho Básico, transmitido pela Atlântida FM nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Personagens aparesentados, vamos ao dilema que se desdobra disso:

O Pretinho Básico é um programa de humor. Seis caras numa mesa redonda que discutem temas inferidos pelos ouvintes. A pauta do programa, salvo algumas exceções, é feitas por quem ouve o programa. Como sendo um programa de humor, diariamente são lidas muitas piadas, pensamentos e até mesmo singelas constatações do dia-a-dia. Os ouvintes podem eles escreverem os textos, mandar pro e-mail do programa para então ser selecionado (ou não), ou podem fazer o que muitos fazem: eles veem algo legal/interessante em algum blog/site/twitter, copiam e colam o texto num e-mail, mandam para o programa, o e-mail é selecionado e lido. Nenhum problema até aqui.

Mas aí, os donos do blogs, que em sua maioria não são do sul, logo, não OUVEM o programa, ficam sabendo que algum texto de sua autoria foi lido no referido programa. Foi lido e os créditos não foram dados ao blog de onde o texto foi retirado. Aí o que eles fazem? Eles falam mal do programa, eles xingam os radialistas que leram o bendito texto, até mesmo desejam um agradável câncer no cu em cada um deles (@edutestosterona http://twitter.com/edutestosterona/status/24061675402).

Eu entendo que é de se irritar, oras, o MEU produto sendo veiculado num outro lugar sem a MINHA assinatura, a MINHA fonte, realmente não é legal pra MIM. Mas a culpa não é do programa. Como eu disse, eles recebem e-mail dos ouvintes, leem, acham legal ou não, selecionam pra ser lido ou não, e assim segue o programa inteiro. Como diria o Maurício Amaral, o produtor do programa: "Eu vou parar tudo que eu tô fazendo pra pesquisar a fonte do e-mail...". Oras, claro que não, nem tem como fazer isso. Mesmo porque, como eu disse, algumas das criações são de autoria própria dos ouvintes. De quem seria a culpa? Talvez seria dos ouvintes. Não custaria nada eles citarem a fonte no fim do e-mail. Mas também não quer dizer que o blog seja citado ao vivo. Para e pensa, você está num programa de humor, citando humor alheio e vai dizer qual é este humor alheio. Não faz sentido. É errado? Por um lado, é. Por outro lado, alguém achou engraçado comentar algo que viu em outro blog, comentou e não citou a fonte. Entende o que isso quer dizer? É a mesma coisa que eu ler o Não Salvo, decorar uma piada de lá e, como quem não quer nada, citar ela. A diferença é que eles não decoram, até porque eles têm outros programas, alguns até em outras rádios.

Mas o cerne desta discussão está neste parágrafo que inicio agora: de quem é o humor produzido na internet? De cara, eu digo: a internet, por ser um meio de comunicação um tanto quanto anárquico, não possui donos em algumas áreas. O humor está cheio disso. Alguém inventa uma piada, e vai contando contando contando, e quando vê, uma outra pessoa conta a piada que o primeiro inventou. Piada não tem direito autoral, meus pimpolhos. O cara que inventou a piada do pintinho que era manco, foi ciscar e caiu não ganhou nada pelo fato de eu ter utilizado ela este texto. Ainda mais, ninguém sabe quem foi que inventou a dita cuja. Uma coisa que eu vejo em dois outros blogs (um que conheci há pouco tempo, o www.fuckyeahpokememe.tumblr.com e um outro nacional, o www.capinaremos.com). O primeiro faz sátiras envolvendo jargões e passagens clássicas dos jogos da série Pokémon. O segundo faz muitas outras coisas e, de vez em quando, aparece algo do gênero evocando o anime. A mesma piada foi contada nos dois blogs, a diferença é que o cara do Capinaremos fez a questão dele fazer um novo desenho pra essa situação que eu já vira no FuckYeah Pokémeme. Detalhe, sem citar a fonte. Então, isso é plágio? A idéia foi a mesma, a imagem é a mesma, a única diferença é que na versão brasileira a troça foi traduzida para o português-brasileiro e os desenhos foram re-feitos. É a mesma coisa que o cara do Testosterona criar um post chamado "O que homens e mulheres pensam sobre as profissões" e o cara do Pretinho Básico ler este mesmo texto: o conteúdo é igual, a estrutura é igual, o que muda é a forma. E retomo o que eu disse, na internet, nada é de ninguém. Prova disso são os bons textos que de vez em quando nós encontramos por aí, não sabemos quem é o autor e logo vem um dizer "Ah, ou é do Jabor ou é do Veríssimo".

Só um ponto final, quanto ao blog do Pretinho (www.clicrbs.com.br/pretinhobasico). Sim, ali eles poderiam citar a fonte das imagens SE eles forem atrás das imagens. Aí eu considero como sendo uma mancada deles, não custa nada colocar o link no fim do post. Mas, como acontece também no programa de rádio, tudo o que eles recebem é por e-mail, chega via ouvinte, não tem como eles saberem a possível fonte do blog de onde veio. Oras, o @edutestosterona afirma que o endereço do blog dele aparece nas imagens postadas. Bom, já é a sua forma de dizer de onde elas vieram. Não é o suficiente pra afirmar a sua POSSE? Eu acho que sim.

GaP
Enviado por GaP em 09/09/2010
Reeditado em 10/09/2010
Código do texto: T2488820
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