Aula de Gramática

Ler e escrever provocam entusiasmo na juventude.

Assim estava escrito na minha apostila de gramática. E a concordância estava correta.

A frase, era relativa. Mas para mim, verdadeira. A leitura para mim é como jogar bola, para Elias. A diferença é que eu leio bem, e o pobre do Elias joga muito mal. Se você está confuso, Elias é um amigo meu.

Mas voltando à frase, se a comparação entre minha leitura e o futebol do Elias é correta, tão certo quanto é dizer que para mim, escrever equivale a torcer para o Corinthians.

E isso sim é coisa séria! Praticamente um estilo de vida.

Sim, sou corintiano. Feliz centenário, por falar nisso.

Mas antes que eu me perca na minha fé corintiana, e você que me lê desita de fazê-lo, vou falar sobre minha angústia de escritor.

Escritor nada, não sou escritor. Escritores são aqueles que ocupam minhas aulas de literatura. Machado de assis era um escritor. Graciliano também.

Eu não. Sou um qualquer que se mete à escrever. Mais pareço a Stephanie Meyer que um escritor de verdade.

Então, melhor falar que sofro de uma angústia de aspirante. Aspirante a escritor.

Aquela angústia de escolher um estilo, de se filiar a um movimento literário, de escolher marcas que estarão sempre presentes nos meus textos, (além da minha caligrafia caricata).

Aquela angústia duvidosa. Prosador ou poeta? Cronista ou Contista?

Graças ao modernismo, viva o modernismo, ficou tão fácil fazer poesia...

No primeiro ano do meu ensino médio, havia uma tarefa que me assombrava: fazer a escanção de sílabas poéticas.

Acho que isso nunca aprendi. Acho não, tenho certeza. E nesse tempo eu era também atacado por sonetos e suas estruturas (que nunca decorei). Um terror.

Só no 3º ano veio minha redenção. Descobri o modernismo.

Pow! A forma explodia pelos ares (que bom)! Agora, choviam colchetes aleatórios e a pontuação era facultativa.

Como ficou fácil fazer poesia! Para mim, bastava um pouco de criatividade e uma música do U2.

Mas, mesmo com o conforto de uma poesia bem aceita por quem a lê, o que realmente me anima é uma crônica.

Uma daquelas que fazem o leitor rir, se divertir.

É, uma crônica. A linha imaginária entre um conto e uma notícia de jornal. Entre o dia a dia e a fantasia.

Mas diga o que se diga, todo aquele que escreve sonha em imortalizar uma personagem.

Deixá-la junto de Fabiano e Sinhá Vitória, Paulo Honório e Madalena, Dom Casmurro e Capitu, João Romão e seu cortiço.

Sim, como seria bom deixar para os filhos dos meus filhos um livro a mais para ser lido na aula de literatura.

A glória absoluta de um prosador.

Claro que isso também é possível sendo um poeta. Pois um poeta costuma ser seu próprio personagem.

Mas a idéia de escrever um livro, leias-e, um grande livro, não um Crepúsculo qualquer, me alegra mais.

É.

Como estava escrito na apostila de gramática, ler e escrever entusiasmam a juventude.

Então que eu seja jovem para sempre, pois esse entusiasmo me faz feliz!

O Fantasma Silva
Enviado por O Fantasma Silva em 09/09/2010
Código do texto: T2488422
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