Os alguéns
As pulgas sonham em comprar um cão, os alguéns em ganhar um "mensalão", e os ninguéns, coitados, esses já nem mais sonham; que em algum dia mágico o bom caráter chova de repente, que chova bem forte; mas os alguéns são espertos possuem guarda-chuva, por mais que se abra as comportas do céu, nem uma chuvinha do bom caráter os atingem.
Os alguéns: os filhos de alguéns, os donos de tudo.
Os alguéns: os alguns, que vivem soltos, curtindo a vida, sorrindo e bem pagos.
Que são, embora não sejam.
Que não falam idiomas, enrolam com seus discursos.
Que não praticam religiões, se acham os deuses.
Que fazem arte, pois são atores.
Que não são seres humanos, são semi-deuses.
Que não precisam de cultura, basta a fortuna.
Que não precisam nem da cara, nem dos braços, apenas dos maços.
Que têm nome, mas preferem os números.
Aparecem tanto na história universal como nas páginas policiais da imprensa local.
Os alguéns, que valem menos do que a mentira que pregam.