O que é isso, Rui Barbosa?
No ano de 1890, em 14 de dezembro, Rui Barbosa então Ministro da Fazenda do primeiro gabinete de governo, que veio a seguir após a proclamação da republica, ordenou a queima de todos os documentos de registros de posse sobre movimentação patrimonial acerca de escravos, tendo esta ordem sido executada durante sua gestão e a de seu sucessor.
Com alegação estava o nobre fim de apagar da memória a mancha da escravidão, certamente um período abominável.
Hoje se tem como certo que o objetivo da medida de Rui Barbosa era apenas inviabilizar a possibilidade de calcular a indenizações pleiteadas por antigos proprietários de escravos, indenizações estas pagas pelo estado.
O motivo desta inferência se baseia no fato de que, 11 dias decorridos da abolição, existiu um projeto de lei encaminhado à câmara propondo ressarcimento de prejuízos causados com a medida.
Certamente o motivo alegado por Rui Barbosa é nobre, e certamente não seria produtivo para a nova ordem do país, desviar dinheiro para pessoas que já haviam se beneficiado da exploração do ser humano, e ainda desejavam indenização.
Mas não seria ainda mais nobre, ter feito isto em pratos limpos? Sem transgredir a justiça?
Quantos discursos Rui Barbosa fez exaltando a justiça!
Não seria mais correto fazer um decreto ou propor uma lei, no sentido de que, ninguém pudesse clamar indenização por conta de exploração de trabalho escravo?
Existe um ditado popular que explana bem tal situação; Aos amigos tudo de bom; aos inimigos os rigores da lei.