Lucidez Insana
As palavras me fogem, as vontades aumentam
E as atividades não concluídas me fazem perder o alento.
Meu objetivo aqui não é rimar, mas se acontecer,
A culpa foi do grande desejo de escrever.
Sentia que ia escrever sobre assunto “x” ,mas em segundos parece-me que ele transformou-se em “y”. A verdade é que quase tudo é tão incerto (uso "quase" porque aprendi a não generalizar, dou valor à existência das exceções). E algumas emoções são então mais breves que o próprio tempo.
Sentia que os minutos estavam em forma líquida e escorriam entre meus dedos. Dificilmente os via, porque em meu relógio não paravam! Aos poucos se convertiam em fragmentos de um passado, ou nem mesmo isso, minha fraca memória de humana esquecera de muitos deles, talvez simplesmente pelo fato de que não foram importantes o suficiente pra fazerem parte de uma possível lembrança. Estavam agora reunidos em um tempo que fora perdido e esquecido, disperso no espaço.
Ó "sr. tempo", difícil atribuir-te uma breve e racional definição. Tudo o que sei é que tu és tão relativo, oscila conforme particularidades: o meu momento ou o momento de um outro alguém. O que quero dizer é que enquanto tudo quero, alça voo batendo as asas dos segundos mais rápido que um beija-flor. Certas vezes, queria fotografar meus pensamentos, já que as palavras com a mesma rapidez que chegam, recolhem-se antes que caminhem até minhas mãos para transcreve-las e torná-las reais dentro de um contexto.
E essa minha vontade de tudo não sei se me faz bem ou se só aumenta a ansiedade. Por fora, aparento ser calma e desacelerada como uma brisa tranquila, mas aqui dentro reinam diversas inquietações! Planos, planos e planos, todos dizem: Viva o Agora! Carpe Diem! Mas a verdade é que somos uma máquina de planos e só sendo assim é que todo o resto faz sentido. Minha consciência sussurra:
-Devagar, tudo tem seu tempo e blá blá blá.
Sei que agora posso parecer louca, mas é tão boa essa loucura lúcida. E as palavras viajam cá, de um lado para o outro, acompanhadas por um verbo imperativo persuadindo-me: Me escreva, torne-me viva, faça-me um sentido, coloque-me num contexto. É o que tento fazer, e eis o que me faz bem!
Uma boa intuição me veio dos céus neste momento, salvei o documento de texto antes mesmo de terminar (somente papel e caneta são confiáveis- penso assim apesar de ter vivido em tempos tecnológicos desde parte da minha infância) E logo em seguida faltou luz. Caso não o tivesse feito, de certo as palavras contra mim se revoltariam, brigariam no interior de minha mente na tentativa de voltarem aos mesmos lugares onde se encontravam, disseminariam-se, voariam, para onde? Nunca vou saber.