ARTISTAS MARAVILHOSOS!!! 1

Sempre tento chegar o mais próximo deles, e quando os encontro, os que estão vivos, me vejo muda, gritando dentro de mim, É ELE (A)!!! E só, não articulo nenhuma palavra, mas fico feliz. A primeira atriz famosa que conheci foi Norma Benguel, no final dos anos setenta, ela estava dentro do seu carro, esperando para gravar a cena do trem no filme Mar de Rosas, ou algo assim, em Miguel Couto, eu era uma menina de uniforme da escola pública e os livros, tomei coragem foi até ela e me apresentei, disse que queria ser atriz e não sabia como iniciar a carreira, ela foi carinhosa e me disse que haviam várias escolas, entre elas a Escola de Teatro Martins Pena, onde mais tarde iniciei meus cursos de teatro.

Caetano Veloso, meu querido cantor adorado, um dia entre uma dessas idas ao banheiro, no meio das gravações da mini série Anos Dourados, da Tv Globo, onde fui figurante, eu era uma das muitas alunas do Instituto de Educação, estávamos gravando a linda cena do baile, e todos atuavam no salão nobre, onde a Orquestra Tabajara tocava músicas ao vivo, e lá estava eu a caminhar naquele corredor, quando percebi alguém sentado no chão, na escada, ali quietinho, encolhido, era ELE! e não tive coragem de dizer oi.

Ana Botafogo, como admiro essa bailarina! por acaso morei uns anos no bairro da Urca, no Rio de Janeiro, e fiz aulas de dança em Copacabana, UNIC, inclusive aulas de balet clássico, com Dona Lêda Yuk, que nada mais era, do que uma da professoras da Ana Botafogo, eu era iniciante, mas as alunas adiantadas, tiveram a honra de ter a Ana Botafogo, um dia fazendo aula com elas, me contentei em assistir a aula sentada no chão do lado de fora da sala. Um desses dias de sorte, estava eu sentada no último banco do ônibus 511, indo para a Urca, quando ao meu lado sentou-se, ELA, Ana Botafogo, olhei-a e por dentro gritei, É ELA!!! e mais uma vez fiquei muda.

Agora dos que já morreram... Heitor Villa-Lobos, esse eu sempre ia ao Museu em Botafogo, e ficava admirando suas coisa pessoais, passaporte, batuta, violão, piano...seu quadros!!! lia tudo sobre sua vida, inclusive que ele criava sua obra genial, em um pequeno apartamento no Centro do Rio, com algumas crianças brincando a sua volta, embora ele não tenha tido filhos, gostava de ter crianças por perto, e sua bagunça não o atrapalhava ao contrário o inspirava...Isso mostra o quanto sua alma era divina, pois quem ama as crianças é sempre gente de bem.

O mesmo digo de Monteiro Lobato, que embora vivendo em um Brasil onde todo o valor que se dava para a cultura por aqui, era o que vinha da Europa, ele teve a visão de criar nossa própria literatura infantil, e criou fabulosamente. Ao me ver em Taubaté, com o elenco de Todo Mundo Nú, tratei de descobrir onde ficava a Casa de Monteiro lobato, e vi aquela casa simples, com varanda, uma torre de petróleo na frente, na casa, a máquina de escrever antiga, documentos pessoais dele, no quintal me deparei com estátuas dos personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo, pra mim que vivi anos me caracterizando de Emília, foi como ir a casa de meu pai. Meu coração se encheu de alegria, só não foi maior que o dia que fui animar uma festa de aniversário em um prédio em Copacabana e qual não foi minha surpresa quando ao entrar caracterizada de Emília, me deparei com A Zilca Salaberri, caracterizada de vovó Benta, era a festa da neta dela, foi uma alegria está diante daquela vovó que eu adorava ver nas tardes, contando histórias para as crianças do Brasil.

Chico Anizio, esse o conheci em sua casa, no Alto da Boa Vista, era a festa de um ano do Bruno, eu era um dos bichos que o mágico levou, e lá estava eu, a beira daquela piscina, decorada com os personagens do programa do Chico Cit, lá tinham tantos artista conhecidos que não deu nem pra contar, só me lembro que com aquela roupa pesada, dançava em volta da piscina quando umas crianças tentaram me derrubar na água, fui salva por um dos seus filhos adulto.

Ha essa gente genial que nos alegra, nos faz chorar, ficar extasiados com sua técnica. São artistas, sensíveis e por isso capazes de amar mais e sofrer mais também, temos o exemplo de Machado de Assis que ao perder sua esposa, passou a visitar seu túmulo todos os domingos, só os poetas e algumas mulheres, são capazes de amor tão intenso.

Agora a escritora que mais gosto e adoraria encontrar caminhando no calçadão de Copa ou nos bancos da Praça dos Paraíbas, era Clarice Lispector, com ela acho que teria coragem de conversar, falaria que me identifico com a sua Lóri, do livro, Um Aprendizado ou o Livro dos Prazeres, que busco um Ulisses, perguntaria se ela acredita que possa existir um homem assim? por que seu cachorro se chamava Ulisses?

Se sua empregada realmente enlouqueceu nas ruas de Copa? Essa autora incrível escrevia tão bem, que sempre fico na dúvida do que possa ter sido real ou apenas sua criação, ela afirma em suas entrevista que tudo é criação, mas lá no fundo não acredito, como nas histórias de Lobato eu acreditava que toda aquela mágica podia acontecer.

Como nas histórias de Villa-Lobos, até hoje ninguém sabe ao certo se ele realmente viveu as aventuras todas que conta em suas músicas sobre a Floresta Amazônica. Mais ai está o valor do artista, quando ele finge tão bem, que nos deixa sempre a dúvida entre o real e o imaginário. Já dizia Fernando Pessoa, - O poeta é um fingidor...