ESPETÁCULOS NO RIO

Me dei de presente dois espetáculo esse mês de agosto, um show da Ana Carolina, no Olimpo e Quatro por quatro, no Teatro João Caetano. O show da Ana Carolina, que é uma das cantoras que adoro, fiquei quase um mês com os ingressos comprados, falando com todas as colegas de trabalho, era só alegria, vê-la cantar e tocar de perto. Quanto ao local do espetáculo, só conhecia de passa pela frente, aparentemente era um bom local. No dia do espetáculo, um multidão estava do lado de fora nas filas para entrar, fiquei feliz em fazer parte daquela fila, mas após ser apalpada por uma mulher segurança e meu filho por um homem, percebi que aquele não era uma casa de espetáculo, comum, mas a confirmação se deu quando chegamos no local do show propriamente dito, havia tanta gente que a locomoção se dava com muito sacrifício, lá dentro tocava uma música infernal, com uma luz atordoante, mas as pessoas estavam dançando felizes, a minha unica procura era pelo palco, por não conhecer o local, após muito empurra empurra cheguei lá no final e meu filho que é mais alto, localizou o palco, ao nosso lado as pessoas fumavam e o ar que já estava saturado só com a multidão respirando, imagine com os cigarros, vi um balde no chão já ia jogar um papel de bala, quando olhei bem e percebi que não era lixo, era onde as pessoas retiravam as bebidas, nesse momento o locutor anunciou a cantora, e o público foi a loucura, a querida Ana cantava uma música que falava de ir embora, inspirada na música, chamei meu filho e saímos, sem nem esperar a primeira música terminar, e pensar que eu tinha em mente um lugar como o Canecão. Bobinha! mas estou certa de uma coisa nessa casa de shows nunca mais irei ver ninguém. Quanto a minha querida Ana, certamente a verei em outro lugar, onde o público tenha o menor conforto, a acústica seja a altura da qualidade da música dessa maravilhosa artista, devo dizer que essa foi a minha impressão, conversei com gente que viu esse mesmo show e achou ótimo.

Quatro por quatro, no Teatro Municipal João Caetano, nesse espetáculo, devidamente sentada, com uma boa visão do palco, pude presenciar uma obra maravilhosa, delicada, com bailarinos que fazem com o corpo, muito mais que dançar, eles nos remetem a infância, a lugares mágicos, onde só a arte bem feita, pode nos leva, ouvir a Déborah Kollker ao piano, com leveza, beleza, foi encantador, o cenário a cada troca de luz, mudava tão rapidamente, como mágica sumia um piano, ou um chão inteiro pintado, mas o melhor ficou para o final, os vasos de cerâmica lindamente pintados, cobriam todo o grande palco, e os bailarinos como que nos desafiando, dançavam entre os vasos, sem tocá-los, isso em termos visuais, foi algo que não tem preço, pra terminar do teto do teatro aparecem ímãs em formato de pêndulos, que lentamente descem até os jarros e ao mesmo tempo em um som incrível, capturam os vasos, que passam a flutuar, e os bailarinos a dançar, e os nossos olhos ficam encantados, tamanha a beleza da cena, retrato nenhum é capaz de ilustrar o que se vê ao vivo, tamanho encanto, o público do teatro lotado aplaude em cena aberta, e o espetáculo termina. Que mulher incrível é essa? que bailarinos divinos! dançam além da dança, desconstruindo todo o clássico e mesmos assim, técnico e muito clássico. Esse espetáculo está muito além do belo. Realmente foi um presente que me dei.

Estou feliz em ver aqui no Rio de Janeiro, um teatro com ingressos esgotados, e os mesmos, com preços que nós, os moradores da zona norte, podemos pagar. Visto que no passado esse tipo de espetáculo era apenas para a elite carioca, devido os preços dos ingressos. Espero que outros espetáculos de igual valor ,possam ser oferecido com preços iguais, porque tem uma grande parte do nosso povo que gosta de espetáculos teatrais, e de música erudita, o que falta é dinheiro, horários compatíveis com os transportes públicos, para que os teatro fiquem lotados, como ficam os do primeiro mundo.