A mulher traída.

Estava na sala de espera do dentista, quando uma senhora que ali tambem estava, começou a conversar comigo.

E rapidamente se estabeleceu uma simpatia reciproca, e não demorou para que ela começasse a me contar, sobre sua recente separação.

Casada estava a quase 23 anos, quando soube do caso que o marido mantinha por varios anos.

Resultando desse relacionamento uma filha, hoje com dois anos.

Lucia me contou que de nada desconfiou ate vir a descobrir, e foi de maneira casual, sem querer, que um dia veio a tona a aventura extra-conjugal do marido.

E seu mundo desabou, seus sonhos naufragaram, seu chão se abriu !

Estavam com uma viagem de navio marcada para dali a uma semana, iam comemorar os 23 anos de casamento, em alto estilo, e o local escolhido foi a Grecia e suas belas ilhas.

Foi tão brutal o choque da revelação inesperada, que ela no primeiro momento pensou que, estivesse vivendo um pesadelo.

Assim que as ideias começaram a acalmar, e a realidade crua e dolorosa a invadiu, ela soube que outra coisa não lhe restava senão dizer adeus aquele homem que ela achava que conhecia bem, nesses 28 anos de convivência entre namoro, noivado e casamento.

Lucia não tinha filhos com Roberto. Contou-me ela, que muitos diziam que era bem melhor não te-los, pois assim não teria necessidade de nenhum contato, nem ficariam laços entre eles.

Ela então muito espantada me diz: imagine pensarem que não ficam laços, e o amor, carinho, convivência que desfrutamos?

E o que vivemos e sentimos durante quase três decadas, onde fica?

E o amor imenso por ele, onde coloco?

E o vazio do nosso lar, sem a presença doce e amiga dele, com o que preencho?

Eu nada dizia, só ouvia, ja que senti que aquela doce mulher, precisava demais desabafar.

Eu estava certa, pois ela me disse, quando foi chamada a entrar para a consulta do dentista: "olha você me despertou tamanha confiança, que coloquei para fora, um sapo feito de tristeza e dor, que estava preso, em minha garganta. Obrigado, por me ouvir com atenção."

Ela entrou na sala do dentista, e eu fiquei a pensar, que nada havia feito, a não ser emprestar meus ouvidos com carinho e respeito, pelo momento de dor que aquela mulher passava.

Mas, tambem fiquei ali sozinha a matutar, o que leva um homem a agir assim, e por anos e anos enganar uma companheira escolhida por ele.

Pelo que ela me contou, ele lhe dedicava afeto, pois até

viagem para comemorar os 23 anos de união havia planejado e comprado de presente para ela.

Fiquei sem saber o que pensar, sentada ali, so soube sentir a dor daquele coração feminino carregado de tristeza, desilusão e saudades.

E em silêncio, vibrei paz para aquela mulher que conhecia a menos de uma hora.

Lenapena
Enviado por Lenapena em 07/09/2010
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