SONHOS DE VERÃO

Sábado passado, aquele calorão, temperatura acima dos trinta graus, aceitamos o convite de amigos: passar o domingo em Ubatuba. Já imaginando tomar um solzinho, fui contente arrumar minha trouxa, maiô e toalha apenas.

Contrariando as expectativas, o dia não amanheceu tão bonito. Para me convencer, eu dizia que lá embaixo tudo podia estar diferente e já no alto da serra deu para desconfiar que estaria mesmo. Além da cerração que não deixava ver nada, começou aquela chuvinha que tanta gente tem pedido a Deus. Bem na hora que eu ia para a praia! Conduzindo o carro, eu fazia esforços para acompanhar a faixa branca no asfalto que nos separava dos abismos em curvas fechadas, ora para a esquerda, ora para a direita... Encontramos a terra de Iperoig completamente molhada.

Ao entrar no apartamento, porém, fiquei encantada, parecia que estávamos em cima do mar ondulante! Através da parede envidraçada avistava-se a baía de um lado ao outro, o perfil das montanhas e o casario envoltos em bruma, céu e águas se confundindo em paisagem cinzenta. Eu nunca tinha visto Ubatuba assim, nem daquela perspectiva, nem daquela tonalidade... Brumas costumam me evocar lugares frios e distantes, mas agora estavam ali, próximas, emprestando um ar misterioso àquele cenário tão familiar, desde sempre impregnado em meu coração e na minha memória.

Valeu. Depois de horas de boa prosa, bom vinho e deliciosos camarões, saí de lá querendo alugar o apartamento vizinho, já sonhando com ensolarados dias do verão que se aproxima...