NADA original para assunto BANAL

Assusta-me a quantidade de pessoas querendo ser amadas. Não porque elas queiram ter alguém que as ame, mas por entender por amor algo completamente fora das nossas escolhas. Sempre estamos desejando ter alguém pra dividir nossas loucuras, felicidades e tudo mais. E isso não é nada estranho. Não somos capazes de viver sem se relacionar. Mas o que de fato me incomoda, é perceber nestes apelos, uma necessidade de amor. E quando necessitamos piamente de algo, é sinal que o produto está em falta. A falta de amor na humanidade não é novidade alguma, mas percebo hoje uma completa banalização desse sentimento tão bonito.

As pessoas se declaram o tempo todo em público. É mais legal mostrar aos outros o amor que se sente, do que pra própria pessoa que se ama. A intimidade saiu das quatro paredes. E ‘eu te amo’ virou ‘bom dia’. Apagou o brilho das declarações verdadeiramente fiéis ao sentimento.

Não sou contra as pessoas dizerem ao mundo sobre o amor que sente, mas se não víssemos isso o tempo todo de um modo tão ‘midiático’, as declarações ainda teriam aquele gostinho dos romances de Shakespeare, sem que precisassem perder a pitada de modernidade.

Eu, que me sinto estranhamente incomodada por, no momento, não chorar de saudade ao ficar apenas alguns dias sem ver alguém especial, por saber que definitivamente os corações mais bonitos são aqueles que sangram... Aqueles que têm um pedaço faltando... Que já foram usados... Não estremeço ao notar essa súbita necessidade de amor. Amar não é mais bonito porque mexe com as pessoas de maneira tão inexplicável e destemperada, rs, e sim porque dizer que ama impressiona as pessoas. Não a que é amada, mas as que estão só olhando.

Eu sempre brinco que por gostar tanto de chocolate, jamais aceitaria trabalhar em uma fábrica ou loja de chocolate. E quando me perguntam por que, eu respondo: porque chocolate é tão bom que eu jamais aceitaria enjoar dele. Pareço louca? Talvez. Nem sei nada sobre o amor e sempre me atrevo a falar nele. Não sou contra dizer que se ama, mas sou contra palavras proferidas sem a certeza ou gritadas ao mundo se fazendo românticas só porque é bonito ser.

Bem, pelo menos podemos ficar com as canções que falam do amor. Elas não precisam fingir nada porque sabemos que são feitas para vender, então aproveitemos suas mensagens melodiosas que são bem mais agradáveis. Rs. Fica então a indicação da música “Aquilo que dá no coração” do Lenine. Não a ouçam só como a música de abertura da novela das oito, mas como uma bela descrição desse sentimento lindo e banalizado. Isso sem mencionar que ouvir Lenine, pra mim, é sempre um prazer.

“...Aquilo que dá no coração e nos joga nessa sinuca. Faz perder o ar e razão, e arrepia o pelo da nuca...”

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 07/09/2010
Reeditado em 12/09/2010
Código do texto: T2483467
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.