AMÉLIA, COITADA

Amélia, protagonista do samba de Ataulfo Alves e Mário Lago, virou símbolo da submissão feminina. A mulher de hoje, independente, determinada, não quer de jeito algum ser uma Amélia.

Engano de interpretação. Na música em questão, não se vislumbra trecho em que Amélia seja submissa. Companheira, solidária, isso sim. Não abandona o companheiro por causa de pobreza. E tem os pés no chão. Não fica pretendendo luxos que o cara não tem condições de lhe proporcionar. É capaz de passar fome ao lado do malandro. Se fosse hoje, não haveria problema. Poderia pleitear um emprego de modelo. Mas naquela época o ideal feminino era ser cheinha. Veja o caso da Teresinha de Jesus, que quando ia ao chão precisava de três caras para levantá-la. É mole?

Submissa foi a mulher do boêmio, que o mandou de volta à boemia, com violão e tudo, resignando-se em permanecer em segundo plano. Vá sonhar em novas serenatas e abraçar seus amigos fiéis, disse ela. E a Marina morena, que não podia sequer colocar uma corzinha no rosto, o companheiro ficava de cara amarrada. A boba, certamente, corria a tirar toda a pintura.

Outras protagonistas deixaram exemplos que não devem ser seguidos. Veja a mulher do seu Oscar, que aproveitou o coitado estar no trabalho e o abandonou deixando simplesmente um bilhete que assim dizia: não posso mais, eu quero é viver na orgia. Outra deixou o homem que por ela tinha verdadeira loucura e foi jogar-se nos braços de um outro qualquer. Com desejos de morte ou de dor, o infeliz era capaz de fazer uma besteira. E depois, de quem seria a culpa?

E não estou falando apenas dos casos antigos. Mais recentemente, uma cabrocha deixou o namorado e sua escola de samba e foi assistir ao desfile ao lado de um bacana, no camarote da Brahma. Quem te viu, quem te vê. Mas essa entrou pelo cano. Hoje qualquer famosa daria tudo por uma pontinha nos desfiles no Sambódromo.

Outra, no interior paulista, seduziu um bom caubói e o fez abandonar a profissão que tanto amava. Feito isso, deu-lhe um pé na bunda. Deprimido, não sei se o caubói vai conseguir montar novamente (sem duplo sentido, por favor).

Mas quem deixou o pior exemplo foi a Maria Candelária, a tal que conseguiu um emprego público saltando de “paraquedas” direto num alto cargo, e nunca apareceu no serviço. Uma hora estava no dentista, outra no cabeleireiro, às quatro hora ia tomar café numa confeitaria. Paraquedas, hein? Me engana que eu gosto.

E a pobre da Amélia é quem paga o pato.

Hilton Gorresen
Enviado por Hilton Gorresen em 07/09/2010
Código do texto: T2483398
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