My dearest teacher
É uma tarefa difícil, talvez árdua, quando penso nos profissionais da educação que já encontrei, a maioria não muito atraente, alguns maravilhosos e inesquecíveis.
O meu primeiro contato com a escola não foi muito agradável, uma garotinha de apenas seis anos começava a estudar na classe mais fraca da escola onde lá estavam as crianças repetentes, indisciplinadas e talvez algumas que tivessem problemas de aprendizagem mas que infelizmente, naquela época, não foram diagnosticados. A professora fazia o que podia, e lá eu estava, fazendo todas as atividades de coordenação motora usando pontilhados, já não agüentava mais tanta atividade repetitiva quando veio a notícia que seria transferida para a 1ª série A, a classe dos melhores alunos, fiquei feliz e orgulhosa por ter progredido tão rápido, afinal só tinha seis anos e alguns meses de aula.
Dona Felicidade, esse era o nome da minha nova professora, felicidade só no nome, era uma senhora de meia idade, cabelos grisalhos, olhos azuis e óculos, tinha uma didática que até hoje não entendo bem. Quando cheguei aquela sala, conhecia as letras do alfabeto e escrevia o meu nome enquanto os outros alunos já trabalhavam com sílabas e usavam aquela famosa cartilha “Caminho Suave”. Todas as atividades escritas eu conseguia fazer, copiar era comigo mesmo, mas quando “Dona Infelicidade” pedia para ler, pobre de mim, claro que ainda não conseguia reconhecer as letras formando sílabas e, então não podia sair para o recreio, tinha que ficar estudando. Estudando o que? Graças a minha força de vontade de curtir o recreio que terminei o ano lendo e escrevendo muito bem. Mérito totalmente meu e não de “Dona Infelicidade”.
Também tive experiências muito boas na minha vida de discente de ensino fundamental. Professores que realmente despertavam a vontade de conhecer e aprofundar mais sobre o assunto.
Meu primeiro contato com a língua inglesa eu me lembro até hoje, foi maravilhoso. Dona Marli era uma professora que realmente se dedicava para despertar o interesse dos alunos para essa matéria até então temida e fadada de chata e difícil. Trazia músicas da moda para ensinar-nos tempos verbais e vocabulários e é claro todos cantavam e falavam as letras das músicas, trabalhando assim a nossa oralidade, e eu cada vez mais fascinada por essa nova maneira de falar e é claro sempre ansiosa para chegar o dia da outra aula de Dona Marli. Sempre pedia recorte e colagem para tarefa e eu fazia com maior prazer pois no dia da correção cada aluno lia a sua montagem, seus diálogos e, lá eu estava, a primeira a ler e mostrar todo o meu talento. Dona Marli não tinha tanto conhecimento da língua, agora eu sei disso, mas o seu jeito carinhoso e envolvente fazia com que pensássemos que ela era a própria norte-americana. Ainda hoje, encontro com Dona Marli pelas ruas do bairro, já não leciona mais mas ainda se lembra de mim e quando eu disse a ela que havia me tornado uma professora de inglês por sua culpa, ficou muito emocionada e me disse que por essa e outras razões valeu a pena apostar em tantos anos de serviço docente.
Até hoje, quando me vejo com problemas com os alunos de disciplina ou mesmo de interesse, me lembro da minha professora querida e fico pensando como ela se sairia dessa e quase sempre consigo achar uma solução.