Origem do Medo II.

Qual a origem do medo?, interpelou-me uma nobre senhora, a respeito de um texto que escrevi, intitulado “A Origem do Medo”, que nada tinha a ver com nada.

No aludido texto argumentei, de forma evasiva, que todo medo advinha da solidão, pois nosso maior temor, que é a morte, ou o medo da morte, decorre do fato de que estaremos de alguma forma a sós, caminhando, flutuando, ou sei lá de qual maneira, para o além...

A Nobre senhora, de Petrópolis/RJ, sapiente por sinal e cética em seus argumentos, disse que todo medo advém do “outro”, numa tentativa existencialista, sartriana, na qual “o inferno são os outros”.

Destarte, imagine-se num rincão distante, caminhando solitário e perdido, quando se depara com aquele seu pior inimigo de infância, aquele “porrinha” que te atazanava as idéias no colégio. Continuaria você caminhando como se não o estivesse vendo ou soltaria um “ufa!” por ter encontrado alguém, mesmo que aquele “porrinha”?

Ai poderiam me dizer a maioria, num grito surdo: mas é melhor andar só do que mal acompanhado!

Enganam-se, pois o “porrinha”, estando também em igualdade de condições com você, no caso, tenderá a lhe ser também acolhedor. A solidão faz os homens repensarem suas situações e serem mais compreensíveis com os demais.

Pensem nisso e não levem muito a sério, pois não argumento aqui de forma a defender teses metafísicas sobre o assunto, apenas pensem na origem do medo íntimo de cada um!

Agora, se este “porrinha” não for o “porrinha” porra nenhuma, mas um serial killer (como o saberá?) vagando desvairado estradas a fora; aí, meu camarada, corra e procure se manter só, bem distante!

Cristiano Covas, 12.06.09.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 06/09/2010
Código do texto: T2481397