O FLANELINHA

Apesar da profissão de “flanelinha” ser considerada ilegal no Brasil, chegando até ser comparada com a prática de extorsão ela ainda é comum em muitas cidades brasileiras. É certo que com a proliferação dos estacionamentos privados muito diminui esse trabalho informal que presta pequenos serviços aos motoristas que estacionam em vias públicas.

O seu trabalho consiste em ajudar a manobrar o carro, indicar vaga para estacionamento e vigiar os carros estacionados, para evitar furtos do próprio veículo, ou de som e até o risco na pintura, o que é muito comum. Nas pequenas cidades este profissional tece uma relação amigável com o motorista que tem prazer em recompensá-lo. O flanelinha chama seu cliente pelo nome e um sabe do outro particularidades de vida familiar e profissional. Nestas condições esse trabalho é considerado honesto e descente.

Em meios maiores “o flanelinha”, apelido que recebeu esse nome o trabalhador que está sempre munido de uma flanela para limpar os vidros dos automóveis, às vezes, toma outra conotação. São consideradas pessoas perigosas, organizadas em gang que passam a extorquir os donos de veículos. Nesse contexto, o exercício ilegal dessa profissão pode ser enquadrado em extorsão e constitui uma contravenção. Lembramos, porém, que o justo paga pelo pecador, o que não é correto, porque nas grandes cidades também tem homens honestos que abraçam essa profissão.

Pois bem, o problema mesmo é com compensar esse profissional. Para o pagamento ser legítimo não deve ser menor do que cobra “o estacionamento” legalizado. Outra coisa que se tem de levar em conta é a falta de troco. Portanto, moeda de uma real e a cédula de dois reais está escassas do mercado. E quem só tem na carteira cédulas de vinte para cima muitas vezes não quer dispor desse valor para um trabalho que para às vistas de quem vai efetuar o pagamento está quantia não corresponde ao trabalho. Assim, os flanelinhas não são recompensados por falta de troco. Os motoristas sempre prometeram voltar para pagar ou recompensar de outra vez, mas isso nunca acontece. Cai no esquecimento. Se não pagou na hora, considere perdido.

Fiquei pensando que já é hora de informatizar esses profissionais. Criar uma maneira de fazer uma transição correta apesar de ser uma atividade informal. Algo parecido com aquelas máquinas que você passa o cartão e o dinheiro é creditado na conta do prestador de serviço. A idéia também poderia ser estendida aos mendigos. Imagine como seria bom para eles, porque muita gente bem intencionada às vezes não colabora por estar desprevenida exatamente naquele momento. Parece uma idéia absurda, mas, ouvi falar que em certas Igrejas está prática está sendo adotada para os fiéis fazer sua colaboração na hora do culto. Tem outras profissões menos prestigiadas também aderindo a esta modadidade. O problema é a tal abertura e manutenção da conta que deverá não ter custos para essas pessoas que tem renda reduzida e incerta. Eis a questão!

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 06/09/2010
Reeditado em 22/04/2020
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