GULLAR: TRECHOS DE SUAS POESIAS


As cavernas jamais tocadas
vibram.

Apagado o hálito,
onde seguras
o teu vivo brilho?

Trigo, trigais
comidos, Rebenta
no ouro a espiga.
O nosso pão vacila
mas a tua lingua é feliz.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨PINTURA

Eu sei que se tocasse
com as mãos aquele canto do quadro
onde um amarelo arde
me queimaria nele
ou teria manchado para sempre de delírio
a ponta dos dedos.
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Era preciso que
o canto não cessasse
nunca. Não pelo canto (canto que os
homens ouvem) mas
porque can -
tando o galo
é sem morte
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨