Porque traição se chama picada de escorpião
Nas tardes mornas que antecedem o verão, os escorpiões costumam sair, pela estrada, dos seus esconderijos , à procura de alimento. Se alojados nas nossas casas, caminham pelos cantos da parede, mais próximos do escuro. Mantêm seu habitat na escuridão: vivem sob pedras, madeiras; em tocas ou grutas; fugindo da claridade do sol, chegam até a se enterrarem na terra preta da mata ou na areia branca do deserto. Notívagos, caçam comida à noite, podendo suportar um jejum de muitos meses, em seus alojamentos. No acasalamento, praticam um ritual festivo e macabro: agarram-se pelas pinças numa curiosa dança e, após consumirem o ato, se faminta, a fêmea come o macho. Nem por isso, obedecendo ao instinto, os machos deixam de procurar as fêmeas.
Este peçonhento animal, temido pelo homem há cerca de 350 milhões de anos, é perseguido para ser dizimado. Mas, jamais conseguiram torná-lo “animal em extinção”. Alguns deles possuem venenosidade mortífera ao homem. Caso você seja picado, procure um posto médico, pois poderá sofrer uma crescente paralisia dos músculos respiratórios e morrer de asfixia entre cinco e sete horas. Presas menores falecem apenas com sete minutos. O Professor Antoine Leon, da Sorbonne, quando aqui veio, a nosso convite, para ministrar curso no Mestrado de Educação da UFPB, contou-me que os hotéis nas regiões do deserto são infestados de escorpiões , tendo ele dormido, num deles, com dois lacraus debaixo do lençol. Ao despertar com as picadas, pediu socorro médico, negado-lhe pelo gerente do hotel: “- Não precisa! O médico mora longe, e os escorpiões eram pequenos”. Leon teve de se contentar com a injeção vendida na recepção da hospedagem.
Por razão ignorada, Dona Zilda sabia tudo sobre escorpião e temia até os pequenos lacraus. Contava-nos histórias e histórias, algumas mitológicas, como é o caso da do “escorpião rei”. Daí, haver tanto cuidado para que não existisse na sua casa animal peçonhento, sempre advertindo o filho Zeca : “-Os escorpiões estão por aí, não ande descalço!”. Esta admoestação se dirigia também aos colegas de Zeca, que se reuniam, descalços, na sua casa, para a pelada, encolhendo os pés sujos, porém prontos para qualquer brincadeira. Somente o filho lhe obedecia, até que, certo dia, Zeca , ao se calçar, foi picado pelo escorpião escondido dentro do sapato. Muitas comparações fazem entre os homens e os animais, em relação à luta pela sobrevivência, como, por exemplo, a de se proteger de eventual agressão traiçoeira. Nova lição foi tirada: antes de calçar, bater o sapato... E quem de escorpião foi picado teme o escuro dentro do sapato . Ou , como diz o povo: “quem de escorpião foi picado, a sombra o espanta”. E haja espanto ! Haja sombra! Haja escuridão!
Nas tardes mornas que antecedem o verão, os escorpiões costumam sair, pela estrada, dos seus esconderijos , à procura de alimento. Se alojados nas nossas casas, caminham pelos cantos da parede, mais próximos do escuro. Mantêm seu habitat na escuridão: vivem sob pedras, madeiras; em tocas ou grutas; fugindo da claridade do sol, chegam até a se enterrarem na terra preta da mata ou na areia branca do deserto. Notívagos, caçam comida à noite, podendo suportar um jejum de muitos meses, em seus alojamentos. No acasalamento, praticam um ritual festivo e macabro: agarram-se pelas pinças numa curiosa dança e, após consumirem o ato, se faminta, a fêmea come o macho. Nem por isso, obedecendo ao instinto, os machos deixam de procurar as fêmeas.
Este peçonhento animal, temido pelo homem há cerca de 350 milhões de anos, é perseguido para ser dizimado. Mas, jamais conseguiram torná-lo “animal em extinção”. Alguns deles possuem venenosidade mortífera ao homem. Caso você seja picado, procure um posto médico, pois poderá sofrer uma crescente paralisia dos músculos respiratórios e morrer de asfixia entre cinco e sete horas. Presas menores falecem apenas com sete minutos. O Professor Antoine Leon, da Sorbonne, quando aqui veio, a nosso convite, para ministrar curso no Mestrado de Educação da UFPB, contou-me que os hotéis nas regiões do deserto são infestados de escorpiões , tendo ele dormido, num deles, com dois lacraus debaixo do lençol. Ao despertar com as picadas, pediu socorro médico, negado-lhe pelo gerente do hotel: “- Não precisa! O médico mora longe, e os escorpiões eram pequenos”. Leon teve de se contentar com a injeção vendida na recepção da hospedagem.
Por razão ignorada, Dona Zilda sabia tudo sobre escorpião e temia até os pequenos lacraus. Contava-nos histórias e histórias, algumas mitológicas, como é o caso da do “escorpião rei”. Daí, haver tanto cuidado para que não existisse na sua casa animal peçonhento, sempre advertindo o filho Zeca : “-Os escorpiões estão por aí, não ande descalço!”. Esta admoestação se dirigia também aos colegas de Zeca, que se reuniam, descalços, na sua casa, para a pelada, encolhendo os pés sujos, porém prontos para qualquer brincadeira. Somente o filho lhe obedecia, até que, certo dia, Zeca , ao se calçar, foi picado pelo escorpião escondido dentro do sapato. Muitas comparações fazem entre os homens e os animais, em relação à luta pela sobrevivência, como, por exemplo, a de se proteger de eventual agressão traiçoeira. Nova lição foi tirada: antes de calçar, bater o sapato... E quem de escorpião foi picado teme o escuro dentro do sapato . Ou , como diz o povo: “quem de escorpião foi picado, a sombra o espanta”. E haja espanto ! Haja sombra! Haja escuridão!