Vereadores de Cabaceiras soltam os cachorros em riba do leão
A respeito da crônica sobre o livro de Rui Vieira, recebi duas mensagens dos vereadores de Cabaceiras. Resumo:
Caro Fábio: o livro em questão e seu conteúdo não incomodaram nossos vereadores, eles até deram boas gargalhadas, assim como eu. Mas com certeza não é o tipo de cultura que deve receber incentivo de uma instituição pública. Sair em defesa do autor é desnecessário, ninguém fez nenhuma crítica a ele. Aliás, você na verdade é suspeito em defender o Sr. Rui, já que foi por intermédio dele que conseguiu publicar o seu livro, então não é uma opinião isenta. Tem mais Fábio: em nossa cidade existe todo tipo de gente, como em qualquer lugar, e assim tem os que gostam desse tipo de literatura e aqueles que coram ao ler, portanto, uma obra que recebe apoio público, onde está impresso o brasão de armas do município, tem que contribuir de alguma forma com a cultura do município e não constranger ninguém, ou não fará sentido receber o apoio da prefeitura, e eu duvido que você ou o autor encontre algo neste livro que contribua com a cultura local.
Júnior Pombo (Cabaceiras/PB)
É muito fácil fazer um comentário levado pela emoção e pela falta de conhecimento da realidade local. Moramos num município que a maioria da população nâo tem acesso em suas casas a serviços básicos como água encanada, esgotos e calçamentos. Estamos há quase um ano sem fisioterapeuta e o médico do PSF está de recesso.
Mas respondendo à sua observação, vamos aos esclarecimentos: O poeta Rui Vieira foi colega do Prefeito na época em que foram funcionários no Banco do Brasil e é inegável que o Prefeito Ricardo Aires quis fazer um agradinho ao colega, mas poderia ter feito com recursos próprios e não com recursos públicos tão minguado do nosso Município, já que o Brasão Municipal estampa na parte dos apoios. Mas o Prefeito nega com veemência qualquer incentivo e desafia a oposição provar que houve gastos com dinheiro público. É ai que mora o câncer da corrupção, onde é mais fácil utilizar um laranja para efetuar um pagamento do que enfrentar a opinião pública.
Quanto ao livro, falo tranquilamente, está muito longe de ser uma obra que possa comparar com as obras do Grande Gregório de Mattos e eu acho totalmente descabível ser patrocinada por nossa Prefeitura, já que esse escritor não tem nenhuma ligação com nossa cidade e nossos escritores cordelistas locais não conseguem nem falar com o prefeito porque mora noutra cidade (Campina Grande). Você que nos acusou de puritanos e até ignorantes, deveria aprofundar mais seus conhecimentos quando você fala de uma realidade provavelmente diferente da sua, pois, não baixamos nenhum decreto proibindo o livro e só criticamos o gasto com recursos públicos nesse livro que nada tem a contribuir com a rede municipal de ensino do nosso município que recebe, como outros pequenos, o menor duodécimo do país.
Paulo Farias (Vereador Presidente da Câmara Municipal de Cabaceiras/PB)
Senhor Pombo:
Sem querer julgar vossa senhoria, duvido que esteja em condições de distinguir o que é ou não uma obra de arte. Essa paranóia com a arte provocante, inquietante, não é privilégio de vocês. Aqui em João Pessoa, uma vereadora propõe que os seus colegas parlamentares avaliem esculturas antes de serem expostas em vias públicas. Não falo com relação senhor Pombo, a quem não conheço, mas grande parte dos chamados parlamentares mirins são a prova de que a anencefalia nem sempre é uma doença mortal.
E senhor Paulo Farias:
Reconheço o esforço do nobre vereador para bem exercer seu papel de fiscal da gestão pública. Peço desculpas publicamente se alguma afirmação minha feriu a suscetibilidade de alguém. Pesquisando na internet, vi que você critica o prefeito por ter contratado a banda Aviões do Forró, pagando alto cachê e deixando de valorizar a cultura local. Seu posicionamento merece aplausos. Quanto ao livro de Rui Vieira, esse poeta é autor do “Dicionário Temático da Poesia Popular Nordestina” e um dos maiores especialistas do tema no país. Não é um qualquer “zé ruela” comedor de toco de prefeitura desprefeiturada.