Ainda não consigo Aristóteles
Pois é, meu caro filósofo. Que coisa linda e profunda quando você diz:” O Homem precisa ser senhor de sua vontade e escravo de sua consciência”. Não consegui ainda ser senhor de minha vontade. Minha consciência vai paulatinamente me fazendo seu escravo, mas sei que ainda falta muito, pois só terei a plena certeza que me tornei totalmente escravo dela quando eu for senhor de minha vontade. Creio que consciência e vontade estejam intimamente ligadas. Outra coisa, caro Aristóteles: Você diz que não devemos esperar no outro a nossa própria felicidade. Aí é que estou completamente perdido. Explico: Quando estou com ela sinto-me numa espécie de paraíso; mais completo mais seguro e feliz. E passeando com ela de mãos dadas posso ver com maior lirismo as estrelas, os pássaros, sentir carinho pelos velhos sentados na praça. Quando estou com ela meu digno filósofo, vejo-me como gostaria que eu sempre fosse: mais seguro, mais otimista, mais alegre e engraçado. Quando estou sem ela? Ahhh! Bate-me um vazio danado, fico amargo e impaciente, minha inteligência vaza, meus complexos ganham forças, enfim, fico de dar dó. E quando me deito com ela meu corpo ganha forma e graça em seu corpo. Torno-me um verdadeiro Hercules e pela madrugada afora em volta da minha casa é aquele cheiro de borracha queimada! Vê meu amado filósofo o quanto estou em defasagem com teus ensinamentos? Fazer o que, quando se ama e não se sabe ser de outra maneira. Tenha paciência comigo mestre que ainda estou longe do que me pedes. Agarro-me ainda em Santo Agostinho que certa vez disse: ”Meu Deus, salve-me, porém não agora...