"O QUE SE PLANTA..."

Diz o velho ditado que tudo que não é alimentado, morre. Um outro diz que tudo que não é usado, atrofia. Começo a perceber que isso está acontecendo comigo, com meus sentimentos... Um amor, uma amizade, seja lá que emoção for, não sobrevive de saudades, ao contrário, vai se magoando, mudando, se transformando... A admiração pelo alvo dela, começa a esmaecer, a perder a razão; o amor apenas imaginado, e nunca declarado diretamente, o amor distante, não sobrevive só de saudades e anseios, também vai sumindo, aos poucos, como névoa ao Sol... Há muito, apesar de muitas vezes a tristeza invadir contundente, meu coração, percebi que não dependo, mais, da presença de alguém, para poder viver com alegria, que mal ou bem, tenho me bastado a contento, me sinto bem, comigo mesma. Se tive muitas tristezas, na minha vida, tive também muitas alegrias, portanto, minha vida é rica de lembranças, sem a necessidade de pensar nas coisas negativas que aconteceram. Não mais mendigarei amizade nem demonstrarei coisa alguma do que sinto, só assim evitarei me magoar. Antes fria e incólume, do que ser como sou e receber a humilhação do deboche, das gozações e da indiferença pelo que sou e sinto. Desde que me conheço por gente, recebi noções de princípios de educação, uma formação que não admite o desrespeito pelo meu semelhante, seja ele quem for, como for, e não mudarei, isso, nunca. Minha personalidade foi moldada pelas pessoas com quem convivi, pessoas de bem e de caráter íntegro. Assimilei o que aprendi e me comporto como a mesma naturalidade com quem quer que seja, onde seja. Conheço pessoas que pregam as bases e os princípios do espiritismo, coisas que aprendi muito cedo, já que meus padrinhos de batismo eram espíritas, meu padrinho era médium e possuía um centro, onde ajudava as pessoas e lhes ensinava a se ajudarem; como vivia mais na casa deles, que na minha, era mais filha que afilhada, assim como suas duas filhas, aprendi a respeitar (respeitar REALMENTE) a doutrina. Muitas dessas pessoas, no entanto, são do tipo "Faça o que eu falo, mas não faça o que faço"... Não consigo compreender, isso... Comprendo, sim, como desrespeitar - se e àquilo que pregam, que é tão verdadeiro e bonito, porém quando se trata de outrém, a coisa muda; inconsequentemente, esquecem o que pregam, se transformam como noite e dia... Seu comportamento é estranho, não consigo, mesmo, entender... Um dia, iremos todos partir, teremos que saber o que levaremos em nossa bagagem... E como é bom saber que não a teremos molhada pelas lágrimas derramadas por dores que causamos... Teremos que prestar contas dos nossos atos, e que bom sentir que nunca ferimos ninguém voluntariamente, de forma planejada... Esse comportamento, na verdade, é daquele que se diz ateu (esse, dizem, é o que mais acredita em Deus): por imaginar que a vida se resume no nosso corpo e nesse planetinha, morreu, acabou; acaba fazendo tudo que deseja, sem se importar se está prejudicando aos seus semelhantes, ou não, e até, o fazendo de propósito, como quem acha que não terá que prestar contas a um Ser Supremo, e que está acima do bem e do mal. Mas... "O que se planta, se colhe". "Cada cabeça, uma sentença". "Sua alma, sua palma". Continuarei a amar e respeitar meus amigos, assim como os que não acham necessário respeitar - me, pois disse Jesus: "Pai, perdoai - os, porque não sabem o que fazem.", e essa frase implicou que os que deveriam ser perdoados eram os pobres de espírito, aqueles que não se importam com o que sentimos porque não têm noção de respeito ao próximo. E que fique muito claro: Isso Não se aplica apenas aos que se dizem seguidores da Doutrina espírita, mas de toda e qualquer outra existente. Se citei a espírita, foi para inserir os ensinamentos que tive, sobre ela, e que vejo distorcido, no comportamento de algumas pessoas.