A demissão
Cuidado com o que você deseja, era o que diziam e eu não acreditei. Menina, sempre menina. Achava que iria ser fácil e que receberia os louros do trabalho bem realizado, da luta incansável, das noites em claro, das horas a fio.
Mas não, não é assim e quem viu, sabia, eu queria de verdade, mas hoje, ando cansada, estressada, desgostosa, amuada. A cobrança me tira o sono, a presença me cansa, o chão muitas vezes me falta e a realização? Essa ainda me trava aqui na loucura dessa rotina na desmedida da clausura na prisão da demanda no meu cansaço eterno.
Então o pedido feito; na palavra dada o ato impulsivo da última gota d’água. Foi um fim, o rompante pensado. Do certo, o errante ao ato. Agora estou sem rumo: solta, saltei da montanha. Volto a ser livre, irei voar de acordo com o vento. Sem pousos ou momentos. Assumi minha vontade, retomei o rumo, peguei as rédeas, reaprendo a andar de carruagem, mas no meio do caminho, a sombra um fantasma ainda me estreita, assombrando pelo medo de não ter nada de ser deixada a beira. E agora? Você realmente acredita que ainda vou ser amparada?