A TINTURA NO CABELO E A FILOSOFIA

Hoje vi um homem com tintura no cabelo.

E eu, defensor ferrenho da liberdade, sou o primeiro a dizer que ele tem todo o direito de pintar as madeixas, claro que sim, sem contestação, até mesmo de rosa, azul, vermelho ou qualquer outra cor fora do padrão. Tem todo o direito.

Contudo, a aparência da tintura nos cabelos do homem teve efeito contrário. A velhice que ele queria esconder saltava aos olhos de maneira escancarada ao ver aquele cabelo explicitamente artificial, contrastando com sua face envelhecida.

O homem que tentava enganar o tempo, os outros e por fim ele mesmo denunciava com sua conduta sua condição que, ingenuamente, queria esconder.

Pensei em ser honesto com ele, como colega que sou, e lhe dizer o quanto estava ridículo com aquela cabeleira tingida. Mas como seria a reação do velhinho? Prudente, cogitei que investir contra a vaidade de um homem poderia ser desastroso.

Então, após minhas reflexões, apenas fiz como todos que olharam e abanaram a cabeça em sinal de reprovação.

Todas essas linhas que escrevi são para dizer o que se passou em minha cabeça em no máximo uns dois (2) segundos, reflexões próprias de um filósofo deste século de dois (2) segundos.

Depois dos dois (2) segundos reflexivos, concluí que a hipocrisia é necessária para o convívio social e para a manutenção da espécie humana na Terra.

A hipocrisia e a mentira são salutares, podem acreditar!

Pois sem elas os conflitos aumentariam de maneira demasiada, as amizades seriam rompidas com mais frequência e minha integridade física poderia estar ameaçada caso o idoso discordasse de minha franca opinião.

Irmãos, nem sempre decidir-se pela verdade é o melhor, algumas vezes mentir é a atitude mais inteligente, e saudável.

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 02/09/2010
Reeditado em 02/09/2010
Código do texto: T2473471
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