CAPÍTULO XXVI - Diário Poético-Sentimental de Uma Greve: Curiosidades, Emoções e Poesia na Greve do Judiciário Trabalhista Mineiro
No sonho esta noite
Vi um grande temporal.
Ele atingiu os andaimes
Curvou a viga feita
A de ferro.
Mas o que era de madeira
Dobrou-se e ficou.
(Bertolt Brecht)
O meu sentimento na manifestação de hoje, 28 de maio – fim da terceira semana da greve – é o seguinte: o movimento chegou num ponto interessante em que passamos simplesmente a gostar de estar ali com os demais colegas. Decerto que os medos não se dissiparam totalmente, mas deram uma pausa e uma trégua: sabemos, afinal – e com toda a segurança que o coração foi capaz de nos oferecer - que estamos fazendo a coisa certa na busca dos nossos objetivos.
Se eu fosse falar algo sobre esse momento da greve, diria que o movimento se assemelha para mim às seguintes imagens: a uma locomotiva sem freios e ao carvão pegando fogo. Não há como parar a máquina ou cessar a queima do combustível. Iremos daqui até o fim e eu gostaria de imaginar que ninguém e nada conseguirá nos deter até a vitória definitiva. E só quem não tiver olhos de ver e ouvidos de ouvir que não conseguirá compreender isso de uma vez por todas.
Cada colega que chega para “grevar” com a gente recebe a nossa solidariedade e a nossa simpatia. Ao mesmo tempo ele traz um pouco mais de companhia e um pote de oxigênio completamente renovado. Disso sentimos falta.
O presidente do sindicato fez hoje para os manifestantes uma boa quantidade de propostas “decentes” e “saudáveis”: vamos fazer com que o nosso movimento do dia primeiro de junho – o Dia Nacional de Lutas – seja o maior de todo o Brasil!
- Cada um agora tem a missão de convidar não um, mas quatro colegas para o ato – disse o Alexandre, lançando um desafio aos servidores - Vamos colocar mais gente aqui do que em Brasília!