AULA DE IOGA (primeira e única)

Nunca fui dada a fazer meditações, principalmente daquelas que os orientais pregam, ficar sentada sobre as pernas cruzadas, olhos fechados, as costas eretas, braços soltos terminando com o indicador e o polegar formando uma argola. Já começa por aí, ao colocar meus dedos nesta posição tenho vontade de rir. Mas fazer ioga estava na moda. Uma conhecida minha, que até era professora, vivia me convidando para ao menos experimentar. E um dia lá fui eu.

A sala estava cheia de moças, senhoras e até alguns homens, todos descalços, vestindo malhas pretas. Deitamos no chão e começamos a praticar a correta respiração. Inspira, retém o ar, expira, bem devagar... inspira, retém o ar, expira, beeem devagar... Na terceira vez eu já não conseguia concatenar direito, inspirava, não retinha o ar, expirava mais depressa que os outros. Foi me dando a maior aflição. Parei. Ficar ali deitada também não estava bom. Sentei. Logo depois todos também se sentaram, mas naquela bendita posição. Imitei. Quando a professora mandou fazer as argolinhas, não aguentei, comecei a dar risada. Ela olhou feio pra mim, disfarcei. Depois levantamos os braços, entortamos as pernas, nos contorcemos até que num dado momento minha mão esquerda passando o braço por cima do ombro segurou a mão direita cujo braço ia pelo outro lado até lá nas costas de tal forma que eu não conseguia mais me desenrolar. Fiquei balançando pra lá e pra cá feito o joão-bobo. E assim foi o resto da aula, eu fazendo tudo errado.

Depois que terminou e já íamos sair, alguém apareceu com uma bandeja oferecendo copinhos de chá. Boa idéia, pensei e peguei um. Antes de levá-lo à boca, porém, num gesto instintivo, levantei meu copinho bem alto e fiz um brinde. Sozinha. Não sei por que ninguém me acompanhou, nem achou graça...

No dia seguinte nem pude andar direito, o corpo doía de fazer dó. Nunca mais voltei lá.