O artista das paredes

As tecnologias proporcionam facilidades para executar determinadas tarefas, uma delas é a pintura. Atualmente qualquer tinta pode ser preparada através de computadores. Se desejarmos um tom diferenciado basta adentrar em uma loja especializada e os computadores farão tudo.

Mas em tempos passados não era bem assim. O pintor tinha que dominar a ciência de misturar as tintas, dosar a quantidade de cada componente químico, misturar tudo com a sabedoria de alquimista. A habilidade com as tintas dependia do sensor olhômetro, nunca podia falhar. Tem pessoas que consideram simples, não é. Além das técnicas especiais para a pintura, um dos itens importantes a considerar é a preparação da parede, o lixamento, o acabamento, etc.

O pintor José era um destes profissionais excepcionais. A freguesia era seletiva, de bom gosto, por isto foi o artista das paredes de inúmeras mansões do Brooklin, Alto da Boa Vista, Campo Belo, região sul de São Paulo.

Em determinados serviços contava com os ajudantes, mas constantemente ficava aborrecido com a falta de interesse deles em desempenhar o trabalho.

Ele pintava as paredes como um ourives a lapidar uma pedra bruta, tal o amor que sentia pela profissão.

Não importa quais sejam as nossas escolhas, seja o que for devemos tentar fazer o melhor. Assim foi o Zé pintor. Tinha um defeito, era barateiro demais, a esposa vivia a reclamar com ele.

Saudades, era meu pai. A parede que pintou para mim continua com a cor do amor.

Marina Gentile
Enviado por Marina Gentile em 31/08/2010
Código do texto: T2470616
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.