SOU DE OUTRO PLANETA

A vida é feita de fases e construída por momentos e eles é que nos levam a uma profunda reflexão.

Ultimamente a minha essência humana está levando-me a crer que há algo diferente no profundo do meu ser.

Parece estranho o que tenho a declarar, mas é o que possivelmente acontece em meu ser. Sinto-me diferente das outras espécies humanas. Não tenho aqui a pretensão de dizer que sou melhor, tão pouco insinuar que sou pior; mas posso afirmar com plena convicção de que sou diferente. Será que eu realmente existo? Será que sou humana?

Enquanto as maiores partes dos seres humanos estão em suas casas, com seus familiares ou até mesmo dormindo, já que são altas horas da madrugada; eu encontro-me quieta, sentada em minha cama, com ursos a meu lado, meu celular, livros por perto, de óculos, caneta e papel na mão escrevendo, para tentar entender a minha existência, isso é normal de um ser humano?

Estamos em pleno século XXI, onde o mundo está totalmente globalizado e a tecnologia aumentando, a correria do dia-a-dia deixando a humanidade sem tempo para nada, eu encontro espaço e fuga em meus pensamentos, procuro dedicar tempo para escrever cartas para os amigos. Para mim, a escrita é individualmente uma demonstração única do quanto a outra pessoa é importante. É através das palavras que os gestos de carinho e ternura nascem e crescem dentro do contexto chamado amizade. A carta demonstra o quanto a pessoa que a recebe é querida, importante e especial, pois é algo pessoal. Porém, são enumeras as cartas que escrevi e não obtive respostas, nem mesmo um sorriso, um agradecimento, um gesto de carinho; muitas também que nem ao menos foram lidas pela pessoa que a recebeu e outras que caíram no esquecimento. Mas eu não guardo mágoas, ressentimentos. Continuarei sempre a escrever, a me doar sem medida, pois isso me completa e me faz bem. Isso é normal em um ser humano?

Sinto um amor incondicional pelas pessoa; há dentro de mim uma ternura, uma delicadeza e vontade de abraçar, agradar e estender a mão a todos. O amor que sinto é bonito, sem interesses e sem egoísmo; há uma profundidade e uma grandeza realmente linda. Sou realmente humana?

Normalmente quando estou no ponto de ônibus entre amigos sinceros, prefiro que o meu ônibus seja o último a passar; inclusive já fiz de conta que não o vi, para desfrutar da presença e companhia dos queridos amigos; porque são momentos únicos, que serão lembrados por toda uma vida. Essa é uma atitude humanamente normal?

A minha sinceridade chega ao extremo, tanto que antes de acontecer algo especial, de antemão meus responsáveis certamente ficam cientes. Eu realmente não existo, é o que de fato passa por minha mente. Mas eu sou assim, será que sou humana?

Procuro andar de acordo com a fé e ensinamentos que fui educada desde muito cedo e que estão no âmago do meu ser. Eu os cumpro na medida do possível e ainda assim sou julgada e condenada por causa dos mesmos. É isso normal na vida de um ser humano?

Sou sensível diante da falta de sensibilidade. Humilde na falta de humildade e amiga mesmo que não querem minha amizade. Será isso humanamente tolerável?

Também confesso que possuo falhas e defeitos, mas acredito que o maior deles é não sentir-me humana como a nossa sociedade nos impõe para que sejamos.

Portanto, posso concluir que SOU DE OUTRO PLANETA. Mas sou feliz em o ser, pois isso me torna um ser útil a uma sociedade maltratada, machucada e egocêntrica, trazendo um pouco de paz, amor, carinho, sensibilidade e lealdade. Sou feliz por ser de outro planeta.

PATRICIA PESSOA
Enviado por PATRICIA PESSOA em 31/08/2010
Código do texto: T2470038