CRÔNICA PARA UMA IMAGINAÇÃO ABUSADA
 




 

Olho a tela em branco. Suspiro pela décima vez. Digito uma frase qualquer. Apago. De repente, a voz da minha imaginação dispara:

- Afinal, quando voltará a escrever?

- Não sei...

- Seria interessante recomeçar enquanto tem memória!

- Prefiro a fantasia.

- Isso pode demorar ainda mais!

- Ora, ora! Posso saber por que?

- Há muito tempo não sai da realidade. Parece grudada à ela. 

Procuro não dar importância aos palpites cínicos imaginários, mas o fato é que minha tela permanece em branco. Suspiro frustrada por não ter feito aulas de ioga! Haja irritação! Finalmente penso em algo e retruco:

- Tive uma idéia!

A voz fantasiosa provoca: - Era isso que eu temia!

- Deixe de ser abusada!

- Não enrola, Dona Escritora! E poupe-me dos detalhes!

- Que tal escrever " Fábulas Políticas "?

- Com direito a " imoral da história "? O mundo não está preparado para tamanha "originalidade"!  

Finjo ignorar a ironia e prossigo:

- Pensei em "amoral ", mas soaria repetitivo ao extremo! Ai! Ai! Ai! Quer saber?

- Não, mas esta opção será ignorada!

- Não sei mais o que quero escrever!

- E o que não quer também!

Desta vez nenhum suspiro. Minha vontade é bufar, mas admito a verdade:

- Tem razão, apesar de ser minha imaginação!

E a voz cada vez mais abusada, conclui:

- Parabéns, Dona Escritora! Imaginação com razão! Conseguiu uma rima, mas está muito longe de uma solução e mais perdida que eleitor desiludido!





(*) Imagem: Google



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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 31/08/2010
Reeditado em 05/09/2010
Código do texto: T2469906
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