Em plena meia-noite

Depois de um início de sono conturbado, eu me entorpeci de resoluções e calma. Iniciei um processo de mudança ininterrupto, onde o velho vestido tomara que caia finalmente entrava no meu novo corpo e depois de vários testes, resolvi a roupa que usaria na reunião do dia seguinte. Fitei por alguns minutos o conjunto de moletom que me acompanhava sempre durante as noites frias, e apesar de qualquer temperatura nesta noite optei pela camisola de seda pura e o novo cobertor roxo. Perfumei o quarto com lavanda e consegui dormir a noite inteira.

Acordei espantada – não existia mais a presença dele em meus sonhos, engraçado como algumas resoluções nos dão mais leveza do que dor. Realmente desistir muitas vezes é um ato de coragem. Ontem, depois de criar fantasias e ilusões – resisti de ludibriar qualquer devaneio que me trouxesse o vento do sudoeste, por mais que sinta ainda como se me faltasse um pedaço.

Tomei um longo banho quente, escolhi um dos meus melhores perfumes. Coloquei meu vestido e a meia-calça, arrumei-me como há tempos não fazia e só para a minha alegria hoje o dia escolheu ser solar demais para meus pequenos olhos. E por isso guardei na bolsa meu casaco. E a ansiedade que antes desconecta meus pensamentos agora se apruma e o caminho fica cada vez mais reto. Não que eu já saiba para qual direção seguir, pelo menos já encontrei a estrada.