É na sua presença...

Aproveito sua companhia em plena tarde – durmo nua, entregue a sua presença. Estou me viciando em meu próprio sono, passei tempo demais sentindo sua falta e de repente ele volta, sem avisar e entendendo que na minha cama as noites antigamente eram longas e solitárias sem a sua presença. Ando aprendendo a me contentar com o que tenho.

Finalmente eu ando sonhando, e passo a noite com um sono pesado e colorido. Não que sejam leves, mas pelo menos duram a noite inteira. O nublado dos dias tem me ajudado, em fases assim, me abrigo em meu porto.

Não posso negar – ainda desejo o corpo de sempre, por mais que a falta se esconda em diferentes caras. Culpa do redemoinho, que me torna volátil como uma estrada, cheia de curvas e sem rumo, onde buracos me sacodem, mas nada disso me acorda. O corpo latente me lembra das noites de lua. O ciclo de mudanças se aproxima, vejo a vida passar pelos vidros manchados de chuva, este vitral me mostra mais um festival de possibilidades. Digo não as segundas, chances ou feiras, rezo por um trabalho não robótico, movo meu corpo pela mera sobrevivência. Apenas as responsabilidades me tiram da inércia. E eu que sempre desejei andar apenas de saltos altos, já estava de joelhos. E de uma sensação de tristeza, dá lugar as noites de sono. E assim, mais um ciclo recomeça, onde os sonhos me invadem e eu despudorada apenas durmo.