O Pequi e suas armadilhas

O Brasil é um país cheio de contrastes e surpresas.

No quesito alimentação, há uma adversidade fantástica.

Matudo do centro-oeste que sou, nunca me acostumei com frutos do mar, com as carnes de temperos fortes do nordeste, ou com o pato com tucupi do Pará, ou com o churrasco mal passado do sul. A famosa buchada de bode do nordeste, nem tentar experimentar eu arrisco. Costumo dizer que se algum dia eu estiver no deserto, sem outras opções, todos esses pratos viram banquetes e serão devorados por mim com reverência. Mas enquanto isso deixo-os para quem aprecia.

Mas sei apreciar uma galinhada, guariroba, pamonha, frango ao molho, pequi de todas as formas. São comidas genuinamente de nossa região, de Minas Gerais, de parte de São Paulo, e outras mais.

O pequi. Há que fruto delicioso, de aroma forte e cativante. Mas tem suas armadilhas. Vou tentar descrever para quem não o conhece: é um fruto meio oval, de uns 3, 4 cm na parte mais comprida, de cor amarelo vivo, que se come cozido. Mas, aí vem o perigo: a parte comestível é apenas a polpa superficial. Abaixo disso existem alguns milhões de espinhos minúsculos. Para os desavisados, ao cravar os dentes nessa parte sólida, os espinhos se soltam e espetam os lábios e a língua da vítima. E haja horas de pinça e paciência para tirá-los. Mas fora esses cuidados, é um fruto delicioso. Nativo do serrado e de boa parte da Amazônia, onde tem em abundância, se usa também para fazer licores, extrair óleos para diversos fins e até mesmo para a fabricação de sabões.

Mas Já vi pessoas ter até náuseas com seu aroma. Deve ser a mesma coisa que acontece comigo, ao deparar com um prato temperado com cominho. Argh!!! Esse tempero, aliás, tem em abundância nos restaurantes das cidades do entorno de Brasília. Já sofri muito, prestando serviços de consultoria naquelas cidades, enfrentando esse tempero. Certa vez em Novo Gama, uma dessas cidades em que eu prestava serviços, o restaurante mais proximo de onde eu estava tinha quase todos os pratos com esse tempero. Então pedi que fritasse um ovo e comi com arroz branco e umas folhas de alface. E só. Até o feijão tinha cominho. (Se bem que arroz banco e ovo frito é delicioso).

Quando era criança, costumava juntar as sementes de pequi já limpos e botava no fogo para assar. Depois de frio cortava-os no meio. No seu interior existe uma castanha deliciosa, a exemplo do caju. Fora os cuidados necessários com os espinhos, vale a pena o trabalhão que dá.

São as riquezas desse nosso Brasil amado!

Vou contar um segredo: Eu amooooooo essa terra abençoada por Deus e bonita por natureza.

E cá entre nós, tem gente mais bacana, mais hospitaleira, mais carinhosa e mais romântica que a brasileira? Tem nada!!!

Tem sim uma boa quantidade de ovelhas negras, mas onde não os tem?

Faria Costa
Enviado por Faria Costa em 31/08/2010
Código do texto: T2469765
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