E o Telefone Tocou.
O telefone toca.
Como que um sinal para o trem que vem passando parar; o telefone toca.
Sou eu que caminho pela calçada. O Orelhão insiste.
Atendo ou não atendo ...
Não.
Trim ...
Resolvo atender, porque me vem em mente o estranho pensamento: “Quem sabe é Deus me chamando e me dirá: _ Obrigado por me dar ouvidos”.
Do outro lado da linha:
_ Quem tá falando?
_ Deseja falar com quem?
_ Só me diga uma coisa _ aí é orelhão?
_ Sim.
_ Obrigado.
_ De nada.
Fico pensando no que foi dito: “_ Aí é orelhão?” _”Sim” _”Obrigado”. Recordo-me do que havia pensado ao resolver atender aquela chamada.
Eu Orelhão.
Eu mensageiro.
Eu, um estranho, que me dispus a atender outro estranho. Quem sabe não tenha mesmo falado com o próprio Deus. Ao menos recebi seu recado, já que Ele está em tudo.
_ Alô!