Quem eu sou?

Quem eu sou? Passei tanto tempo me martirizando nessa epigrafe que hoje,nem ao menos,me preocupo saber quem eu fui.Parece um “neo-nepotismo” a mim mesma, uma maneira de sentir-se livre sem saber exatamente do que, necedade necessária? Ou nem chega a ser uma necedade?

Tenho a imprensão de que vivo para o nada, sem nenhuma estrada estreita e longínqua a seguir , não quero seguir nenhuma estrada , quero eu sê-la.E esse “nada” com o tempo tive a percepção de que tão simples que era me tornou emancipada , não sendo efêmera essa necessidade de traduzir o simples para o esplêndido, não significando nunca que eu pense pequeno.Uso palavras que voam na medida que o tempo passa, o medo de ter em mim várias personagens não me impede de ser alguém , apenas , alguém.Não sei lidar com essas personagens, não sei o grau da sinceridade com que falo.

A intensidade com que vivo é opaca e nula , imperceptível por almas rasas, a intensidade é pequena mas profunda me fazendo perder o hábito de viver no passado, isso me torna uma estranha? A nostalgia me causa repugnância, porquê? Será que não tive um passado digno de ser lembrado com benevolência ?Não sei, não quero saber também.Como falar de mim se eu não sei quem eu sou, não quero descobrir o meu lado bom. Quero descobrir onde se habitua o meu lado obscuro, selvagem, que eu insisto em esconder mesmo sabendo que nele prevalece o melhor da minha espiritualidade, por um lado finjo cortar a alicerce do edifício que me dá sustentabilidade.Um estranho modo de viver , mas não conheço outro senão este que me deixa ser eu,mesmo quando não quero ser , esse aspecto fraco e submisso analógico de um cachorro de rua.Mas é apenas a casca de um fruto doce de tão amargo.

Alijei o que considero não ser amor,o que não me faz bem, achei que iria ser demasiado martírio mas me espantei quando vi que o que eu considerava ser imprescindível não faz a falta que eu achava que iria sentir,ainda me pergunto se eu não amei o suficiente.Eu estou onde eu me coloco , a colocação de outrem é uma opulência na hipocrisia,embora eu necessite dessa colocação , não para sobreviver mas para o ego.

E esse ego ingênuo que me faz ser viva, nessa incerteza de saber se sou mesmo viva ou quase viva.Enquanto eu tiver perguntas saberei que estou no caminho certo , mesmo que não haja diferença entre o certo e o errado .Continuo não entendendo...e nesse não entendimento que me mantenho.

Lucy Anne
Enviado por Lucy Anne em 30/08/2010
Reeditado em 30/08/2010
Código do texto: T2468930