A bolsa
Procuro algo na bolsa. Minha bolsa do dia-a-dia tem de tudo, tudo que um dia poderia precisar, ou que um dia precisei e não tinha. Pensei que desistir me faria sentir só. Hoje a carrego minha bagagem mais segura, sendo ela uma bolsa ou mera lembrança. Até porque que quando me dou, dou inteira. E se vou, vou de mala. E ainda levo minha bolsa, nela cabe o mundo e um coração que já viveu e sangrou demais... Então hoje não me sinto tão só. Tinha asa quebrada mais a consertei com o band-aid que carregava na bolsa preta e segui com mais um dia.
Hoje acordei realinhamento os meus trinta anos e pela milésima vez decidi o inicio de mais um regime na segunda-feira de manhã. Engordei nestes últimos meses, a ingenuidade me deixa doce, melosa, esperançosa e chata. Comia chocolate e bebia vinho, curtia filmes açucarados e inchava de ilusões. Mas como sempre prefiro o meu corpo magro. Seco, permeado pela nuvem negra. Pode parecer amargura, mas não sei outra maneira de me alinhar a um mundo mais racional e menos dramático.
Até porque, hoje eu não sou mais capaz de ouvir pequenos poemas e odeio as cartas de amor dos outros ou amores tipo conto de fadas. Não, não se assuste esta fase é apenas uma visita chata, que um dia vai embora, mais ainda não sem data marcada até porque ela adora meu sofá novo, meu café forte e meu papo dramático e repetitivo. Ainda não sei se a fase que é louca ou se a louca sou eu. Só sei que assim tudo continua, normalmente.