A subjetividade de uma análise estratégica

Análise. Estratégia. Duas palavrinhas que, querendo ou não, aparecem muito em nossas vidas. Para alguns, traz aquela maldita preguiça, até porque "analisar" é também "pensar", ainda mais se for estrategicamente. Para outros, como para mim, faz brotar, na realidade, aqueles sentimentos tão doces e prazerosos: o poder e o desafio.Antes de estudar sobre essa teoria, um tanto nova, da Análise Estratégica, pensei em três coisas ao ouvir tal expressão: 1 ° - Jogo de Xadrez; 2° - Napoleão Bonaparte e 3° - O Fantástico Mundo de Bob.

Sei apenas que, a cada dia que eu lia e relia sobre essa teoria revolucionária, mais eu me tornava fascinada, entusiasmada e adepta. Bem sei que não era para qualquer um efetivar uma análise estratégica. Era algo para quem estava disposto a estudar por horas a fio e, quando viesse o momento de inspiração, deveria, de fato, focar naquela ideia, naquele pensamento, seguir a exata linha de raciocínio até chegar-se à conclusão brilhante.

Tornei-me alguém superestimulada a estudar e estudar, pois chegar ao momento de inspiração plena e conseguir a incrível conclusão era como chegar ao ápice de um prazer sem igual. Comecei a aprender xadrez para que a mente se tornasse mais hábil, porém vi que algo estava errado, muito errado. Mesmo enfrentando o computador (diga-se de passagem, é muito difícil), de forma alguma eu conseguia vencer ao menos a primeira fase do "Easy". Pensei, cogitei e percebi que o que realmente faltava eram três coisinhas essenciais: atenção, planejamento e saber direcionar o seu sacrifício. Depois de muito treino mental, a atenção parou e sentou em meus pensamentos. O sacrifício no jogo tornou-se acertado: "Nunca derrube um peão se isso der a oportunidade do adversário derrubar o seu cavalo." "Recuar não é perder, é se preparar para a vitória". O jogo resultou em um espetacular planejamento, o qual me trazia imenso orgulho de mim mesma.

Embora eu soubesse o que fazer exatamente no jogo de xadrez, minha vida começava a desandar. Não havia o planejamento ideal para a vida, somente o estudar e estudar. Não havia a atenção com a vida, só com o estudar e o estudar. Eu não estava sabendo direcionar o sacrifício, pois sacrifiquei meu lazer, minha saúde, meu sono, minha felicidade, minha vida. Até os eremitas eram mais felizes que eu. Embora isolados, eles buscavam o autoconhecimento e eu apenas a autodestruição. O arrepedimento que me permeia neste momento é grande, pois sacrifiquei o que eu possuía de mais valioso: eu mesma. O que me traz consolo é que eu consegui de fato uma análise estratégica, mas ao final, de nada adiantou. A subjetividade virou-se contra mim.

A mesma coisa que me faz ter forças para lutar até o fim e não desistir, não abandonar a guerra, é também a causa da minha destruição: "eu não sei perder". A etapa acabou, agora a reconstrução começa, juntar caco por caco até que a fênix renasça das cinzas.

Embora eu tenha perdido, não significa que estou perdida. Embora eu esteja ferida, não significa que eu precise sofrer.

Hellen Ferraz
Enviado por Hellen Ferraz em 29/08/2010
Código do texto: T2465851
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