KRASNAYA PLOSHCHAD
... Mas, gente, eu não vi "barbas-rojas"; nem entrei no bar Pushkin. Sabe, não fui visitar o mausoléu do Lenin (ele ainda estava lá, preservado e ainda venerado por alguns saudosistas de seu regime, repousando placidamente sobre a lousa).
Para muitos, cometi heresia ao passar ao largo do túmulo de São Benedito sem explorar os labirintos da Catedral de São Basílio. E o Teatro Bolshoi? Bem, ate' queria conhecer. Mas era época de recesso artístico; perdi o espetáculo ao adquirir o ingresso de espectador frustrado.
Entretanto, testemunhei naqueles dias de verão os moscovitas povoando espaços públicos, desprovidos de seus mantos pesados tão habituais nos longos, gélidos e tediosos três quartos do ano. Lá estavam idosos egressos das "datchas"; jovens em gozo de cálidas férias sazonais; e crianças arriscando os primeiros passos ao ar livre. Todos, sorridentes, surfavam sobre exuberantes camadas de alegria que se renovavam em ondas de euforia, em plena praça.
Junto às contíguas paredes do imponente Kremlin, outrora símbolo da intransigência e da ameaça de remessa aos gulags, frenético, apontava minha câmara para as cúpulas coloridas no topo das capelas da Catedral e para os reflexos dourados colhidos sobre os demais edifícios de arquitetura bizantina Tudo era lindo, sobretudo ao repicar dos sinos.
As lentes, acreditem, sem querer, fixavam-se em outras imagens, bem vivas: Nikitas, Natachas, Natalies ... com suas íris em cores exclusivas, silhuetas de testuras alvas e leves e cujas maçãs do rosto sob o brilho do sol se punham em tom sensivelmente rosado.
Eu, um Ivanovich moderno, na Praça Bonita! Ou, conforme a preferência, um tolo em estado de graça tendo aos olhos o encanto, o Santo Israel na Praça Vermelha!